O bastonário da Ordem dos Psicólogos, Telmo Mourinho Baptista, explica que os psicólogos da rede fazem parte de uma bolsa de 1.000 profissionais que participaram num programa de formação em emergência e catástrofe promovido pela Ordem.

O objetivo é “dotar o país de um recurso adicional de pessoas preparadas para intervir numa série de situações de emergência e catástrofe”, adiantou Telmo Mourinho Baptista, no final da assinatura do protocolo, que decorreu em Lisboa.

“Depois da formação feita”, e com a chegada de refugiados a Portugal, “entendemos que não devíamos ficar por aqui e que seria um desperdício” não colocar “à disposição da sociedade portuguesa o conhecimento adquirido” e a possibilidade de intervir junto destas pessoas, sublinhou. Nesse sentido, a Ordem dos Psicólogos lançou o desafio ao Alto Comissariado das Migrações que aceitou de imediato a ajuda.

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“É um apoio absolutamente importante”, disse à Lusa Pedro Calado, adiantando que já estão em Portugal 452 refugiados espalhados por 64 municípios.

Pedro Calado contou que o grupo de trabalho que está a operacionalizar a recolocação de refugiados no país pensou inicialmente em seis princípios que “pareciam muito importantes”: Acesso à habitação, à educação e à saúde, apoio alimentar, treino da Língua Portuguesa e acesso ao mercado de trabalho. Contudo, com a chegada dos primeiros refugiados em dezembro do ano passado, rapidamente se percebeu que “havia um sétimo elemento que era muito importante”, o apoio de saúde mental.

“Muitas destas pessoas que estão a chegar a Portugal (…) vieram da linha da frente de combates” e “assistiram a situações muito dramáticas”, mas também o próprio percurso de chegada à Europa acarreta, muitas vezes, “riscos muito grandes”.

Perante esta situação, “tivemos de falar com as várias associações e instituições” que as estão a acolher, no sentido de as alertar para esta questão da saúde mental”, disse Pedro Calado.

Em geral, salientou, as instituições têm conseguido responder, “mas pontualmente e localmente tem havido um ou outro caso de maior dificuldade” por “inexistência de recursos ou muitas vezes por inexistência de alguém treinado em situações efetivas de trauma”.

Por estas razões, quando o bastonário da ordem “nos desafiou para alavancarmos esta rede de voluntários, imediatamente percebemos a oportunidade que daqui viria”.

“A ideia não é sobrepor àquilo que já é feito localmente”, mas ter “um reforço supletivo de capacidade de resposta” a estas situações, explicou.

Seis meses depois da chegada a Portugal dos primeiros refugiados, Pedro Calado faz “um balanço muito positivo”, afirmando que apenas uma família deixou o país.

“Um dos receios que tínhamos era que as pessoas viriam para Portugal e depois partiriam para outros países europeus e isso não aconteceu".

“Temos visitado algumas famílias e há uma satisfação muito grande, por estarem num país seguro e estável que lhes permite começar a ter um projeto de vida, um projeto de felicidade”, acrescentou.