"Eu acredito que o governo não se vai distrair e vai conseguir, a tempo e horas, ter um plano devidamente estruturado que, repito, vai ser necessariamente polémico, não há [vacinas] para todos", afirmou Rui Rio, em declarações aos jornalistas, à margem da inauguração, no Porto, da campanha de outdoors que evoca os 40 anos da morte de Francisco Sá Carneiro.
O líder social-democrata considerou, contudo, que o plano será "necessariamente polémico" porque, quando chegarem, não haverá vacinas para todos os portugueses, tendo de se fazer opções quanto às vacinações prioritárias.
"Eu tenho consciência de que, quando tivermos acesso àquilo que vai ser o plano de vacinação, vai ser necessariamente polémico, porque não havendo [vacinas] para todos, tem de haver uma seleção e, portanto, vai ser necessariamente polémico", afirmou.
Segundo uma proposta de especialistas da Direção-Geral da Saúde (DGS), reproduzida hoje nos jornais, as pessoas entre os 50 e os 75 anos com doenças graves, os funcionários e utentes de lares de idosos e os profissionais de saúde envolvidos na prestação direta de cuidados deverão ser os primeiros a ser vacinados contra a covid-19, ficando assim de fora idosos sem doenças.
O primeiro-ministro veio já rejeitar esta possibilidade, alegando que "há critérios técnicos que nunca poderão ser aceites pelos responsáveis políticos".
Aos jornalistas, Rui Rio declarou ter informações que confirmam que a proposta da DGS não corresponde "efetivamente" ao plano de vacinação que o Governo quer levar por diante, reiterando, ainda assim, que qualquer que seja o plano, será "polémico".
Questionado se há atraso do Governo na preparação da estratégia de vacinação contra a covid, o presidente do PSD disse acreditar que o Governo vai conseguir que o plano esteja pronto a tempo da chegada das vacinas.
"Isso é o que nós vamos ver, ou seja, obviamente quanto mais depressa melhor, mas por outro lado, enquanto não tivermos vacina, pode não estar atrasado. Eu acredito que o governo não se vai distrair e vai conseguir a tempo e horas ter um plano devidamente estruturado que, repito, vai ser necessariamente polémico, não há para todos", rematou.
O Governo criou uma 'task-force' para coordenar todo o plano de vacinação contra a covid-19, desde a estratégia de vacinação à operação logística de armazenamento, distribuição e administração das vacinas, tem um mês para definir todo o processo.
Um despacho publicado na quarta-feira em Diário da República, assinado pelos ministros da Defesa Nacional, Administração Interna e Saúde, esta task-force tem um mandato de seis meses, renovável em função do progresso da operacionalização da vacinação contra a covid-19.
Portugal contabiliza pelo menos 4.209 mortos associados à covid-19 em 280.394 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
O país está em estado de emergência desde 09 de novembro e até 08 de dezembro, período durante o qual há recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado.
Durante a semana, o recolher obrigatório tem de ser respeitado entre as 23:00 e as 05:00, enquanto nos fins de semana e feriados a circulação está limitada entre as 13:00 de sábado e as 05:00 de domingo e entre as 13:00 de domingo e as 05:00 de segunda-feira.
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