Duramente atingida em março pela epidemia que colocou à prova o seu sistema hospitalar, Itália enfrenta há vários dias uma clara retomada da circulação do vírus, favorecida em particular pelas viagens e atividades de verão dos turistas.
De acordo com o balanço oficial publicado no domingo, 1.210 novos casos de coronavírus foram identificados no país no intervalo de 24 horas. Um terço dos casos registados na região de Roma estão relacionados com estadias na Sardenha.
Apesar do repentino aumento da curva de contágio, o ministro da Saúde italiano, Roberto Speranza, considerou no domingo que a situação estava sob controlo e descartou um novo confinamento geral no país.
Ao nível local, no entanto, as preocupações crescem. O presidente da Campânia (nos arredores de Nápoles) sugeriu limitar novamente os deslocamentos entre as regiões até ao início do ano letivo.
Nos Estados Unidos, já se usa plasma
Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump autorizou no domingo a transfusão de plasma sanguíneo de pessoas recuperadas do coronavírus para pacientes hospitalizados - um tratamento cuja eficácia ainda é debatida.
Trump diz tratar-se de um "avanço histórico" para o tratamento da COVID-19, que provavelmente "salvará inúmeras vidas".
A Agência Americana de Medicamentos (FDA), no entanto, lembrou que não há, por enquanto, nenhuma prova formal de que o uso de plasma era eficaz. "O plasma de pessoas em convalescença provavelmente funciona, embora deva ser confirmado por ensaios clínicos, mas não como tratamento de emergência para pacientes gravemente enfermos", advertiu Len Horovitz, médico e especialista em Pneumologia do Hospital Lenox Hill de Nova Iorque.
Evitar que a "água entre em ebulição" novamente
Em França, a situação também se está a deteriorar. Mais de 4.500 novos casos de COVID-19 foram registados nas últimas 24 horas, de acordo com dados divulgados pelo serviço de Saúde Pública. Foram registrados 4.897 novos diagnósticos positivos, contra 3.602 no sábado.
"Estamos numa situação de risco" diante da COVID-19, alertou o ministro da Saúde, Olivier Véran, em entrevista ao Journal du Dimanche. "O risco", insistiu, "é que, depois de tirar a tampa da panela com cuidado, a água volte a entrar em ebulição".
No entanto, como em Itália, um reconfinamento geral não está nos planos, com as autoridades a favorecer, nesta fase, medidas locais e prometendo controlos reforçados. Controlos como os realizados pela polícia na noite de domingo em Paris, à margem da transmissão da final da Liga dos Campeões entre PSG e Bayern de Munique.
De acordo com a polícia, 274 pessoas foram multadas por não usarem máscara, especialmente num bar evacuado próximo ao Champs-Elysées.
No total, desde o seu aparecimento em dezembro passado na China, a pandemia matou pelo menos 809.255 pessoas em todo o mundo, de acordo com um balanço estabelecido pela AFP com base em fontes oficiais.
Os Estados Unidos são o país mais afetado, com 176.809 mortos. Em seguida, surgem o Brasil (114.744), o México (60.480), a Índia (57.542) e o Reino Unido (41.423).
Engarrafamentos na fronteira
Diante da retomada do número de casos, as restrições têm aumentado nas últimas semanas em todos os continentes, da Coreia do Sul à Finlândia - onde medidas rígidas de controlo nas fronteiras entram em vigor esta segunda-feira - passando pela capital paraguaia.
Desde domingo, os cerca de dois milhões de habitantes de Assunção e seus subúrbios não podem circular livremente das 5h00 às 20h00, como parte de uma "quarentena social" programada para durar até 6 de setembro.
O restabelecimento de certas medidas não ocorre sem confrontos e tensões. Os rigorosos controlos sanitários introduzidos no fim de semana por Viena na fronteira com a Eslovénia causaram imensos congestionamentos e despertaram a ira da polícia eslovena e a preocupação da Croácia.
Mais tragicamente, a chegada da polícia para fazer cumprir o toque de recolher de saúde em vigor em Lima, capital do Peru, gerou confusão num bar noturno, que resultou na morte de 13 pessoas neste fim de semana, onze dos quais estavam infectados com o coronavírus.
Paralelamente ao retorno de controlos e restrições, a vida retomará o seu curso normal esta segunda-feira na Irlanda do Norte com a reabertura das escolas, pela primeira vez desde março.
Em Mianmar, o respeito pelo distanciamento social transformou-se num quebra-cabeça nos campos superlotados onde os rohingyas estão confinados. Durante a semana passada, 48 casos de coronavírus foram identificados em Sittwe, a capital do estado de Rakhine, onde se registam mais de 10% do total de cerca de 400 casos registados até agora no país.
"Se o confinamento for imposto por muito tempo, nós precisaremos de ajuda", explicou um rohingya, Kyaw Kyaw.
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