“Este anúncio permite aos países afinar o seu planeamento para as campanhas de imunização covid-19. Exortamos as nações africanas a aumentarem a prontidão e a finalizarem os seus planos nacionais de vacinação”, disse a diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, na conferência de imprensa semanal.
A Covax, iniciativa conjunta da OMS e da Aliança para o Acesso às Vacinas (GAVI) para fornecer vacinas contra a covid-19 a países de médio e baixo rendimento, divulgou, na quarta-feira, o mapa indicativo da primeira fase de distribuição de doses.
Nesta fase, está prevista a distribuição de cerca de 337 milhões de vacinas a 145 países, incluindo sete países lusófonos – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste – que no conjunto terão acesso a cerca de 14 milhões de doses.
A Covax estima começar a enviar os primeiros 90 milhões de vacinas em final de fevereiro, início de março.
Matshidiso Moeti sublinhou, por isso, a importância de os países estarem prontos para as receber.
“Processos de regulamentação, sistemas de cadeia de frio e planos de distribuição têm de estar em vigor para garantir que as vacinas sejam expedidas em segurança dos portos de chegada até aos locais de imunização. Não podemos permitir-nos desperdiçar uma única dose”, avisou.
Para aquela que será a maior campanha de vacinação em massa de sempre em África, serão usadas vacinas AstraZeneca/Oxford, que aguarda ainda autorização para uso de emergência pela OMS.
A organização está atualmente a rever a vacina e o resultado é esperado para breve.
Além destas, foram atribuídas cerca de 320 mil doses da vacina Pfizer-BioNTech a quatro países africanos – Cabo Verde, Ruanda, África do Sul e Tunísia.
Esta vacina já recebeu a aprovação para utilização de emergência da OMS, mas requer sistemas de ultra refrigeração (-70 graus Celsius) para o seu transporte, armazenamento e distribuição.
Para ter acesso a um volume inicial limitado de vacinas da Pfizer-BioNTech, 13 países africanos apresentaram propostas e foram avaliados por um comité com base nas taxas de mortalidade atuais, novos casos e tendências, e capacidade de lidar com as necessidades da cadeia de frio exigida pela vacina.
Os responsáveis da Covax alertaram que o mapa de distribuição de vacinas é indicativo e que as remessas finais terão por base a capacidade de produção dos fabricantes de vacinas e o nível de prontidão dos países para as receber.
As vacinas da fase inicial deverão permitir aos países imunizar 3% da população africana prioritária, incluindo trabalhadores da saúde e outros grupos vulneráveis, na primeira metade de 2021.
À medida que a capacidade de produção aumenta e mais vacinas se tornam disponíveis, o objetivo da Covax é vacinar pelo menos 20% dos africanos, fornecendo até 600 milhões de doses até ao final de 2021.
Para complementar os esforços da Covax, a União Africana anunciou ter assegurado para o continente 670 milhões de vacinas, que serão distribuídas em 2021 e 2022, à medida que os países conseguem financiamento, nomeadamente através do Banco Africano de Exportação-Importação (AfreximBank).
De acordo com o Centro para a Prevenção e Controlo de Doenças da União Africana (África CDC), 16 países do continente já aderiram à plataforma criada para a pré-reservas de vacinas, tendo encomendado 114 milhões de doses.
Os sete países lusófonos contemplados na lista de distribuição da Covax irão receber na primeira fase de distribuição um número global de 13.813.050 doses de vacinas contra a covid-19.
A maior parte vai para o Brasil, que irá receber 10.672.800 vacinas da AstraZeneca/Oxford, sendo, globalmente, o quinto país que mais doses receberá, a seguir à Índia, Nigéria, Paquistão e Indonésia.
Angola e Moçambique receberão, respetivamente, 2.544.000 e 2.424.000 doses da vacina da AstraZeneca/Oxford, sendo que as vacinas de Angola serão provenientes do Instituto Sérum da Índia tal como as 100.800 doses atribuídas a Timor-Leste.
A Guiné-Bissau receberá 144.000 doses, Cabo Verde 108.000 e São Tomé e Príncipe 96.000 doses da vacina da AstraZeneca/Oxford.
Além destas, Cabo Verde receberá 5.850 doses da Pfizer-BioNTech.
“África viu durante demasiado tempo outras regiões iniciarem campanhas de vacinação covid-19. Este lançamento planeado é um primeiro passo fundamental para garantir que o continente tenha um acesso equitativo às vacinas”, considerou Matshidiso Moeti.
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