“No que diz respeito à imunidade ainda temos de aprender muita coisa, temos de aprender quais são os bons testes, o que é que esses testes nos dão em termos de presença e ausência de anticorpos, qual é o título, ou seja, a quantidade necessária de anticorpos para ser protetora e quanto tempo essa proteção vai durar", disse Graça Freitas na conferência de imprensa diária de atualização dos dados referentes à COVID-19.

Questionada sobre a imunidade da população portuguesa, a diretora-geral da Saúde (DGS) afirmou que a doença tem muitos poucos meses e há muitas pessoas que tem anticorpos, mas não se sabe “ainda qual é o nível de anticorpos protetor”.

“Para se ter proteção e imunidade não basta ter anticorpos, temos de ter um determinado nível de anticorpos. E mesmo tendo esse nível, depois temos de saber como é que ele se mantém. Em alguns vírus, eles vão diminuindo ao longo do tempo", explicou, relembrando que o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge está a fazer o primeiro estudo serológico que vai permitir saber mais sobre esta realidade.

Em resposta à questão dos casos de pessoas recuperadas e que depois voltam a ter resultado positivo à COVID-19, Graça Freitas disse que pode existir ADN do vírus no trato respiratório e que, por isso, o teste volta a dar positivo.

“Algumas pessoas têm alta, recuperam da doença, deixam de ter sintomas e dão um teste negativo e depois mais tarde, noutros contextos, são novamente testadas e têm resultado positivo. Isso não quer dizer que tenham no trato respiratório vírus capaz de causar doença ou de contagiar outras pessoas. Não significa uma recaída ou nova doença, nem que essa pessoa transmita, são dois fenómenos diferentes", afirmou.

Graça Freitas foi ainda questionada sobre alguns países, como a França e a Alemanha, estarem a fazer testes às pessoas diagnosticadas com pneumonia atípica em dezembro para perceber se estavam já infetadas com o novo coronavírus ao que respondeu ser um procedimento que está “ao critério de cada país".

“A OMS [Organização Mundial da Saúde] fez recomendações, mas deixou ao critério de cada país. Sem haver prejuízo de se poder fazer investigação retrospetiva, que é o que se faz muitas vezes quando as epidemias acabam, nós agora estamos muitos interessados em andar para a frente e fazer investigação prospetiva”, disse.

A diretora-geral da Saúde sublinhou que em Portugal “ainda há focos importantes”, sendo o objetivo “descobrir novos casos e isolá-los, encontrar os seus contactos e isolá-los para evitar cadeias de transmissão”.

No entanto, admitiu que este tipo de estudos pode vir a ser feito no futuro para "efeitos da ciência e para perceber melhor a doença".

Portugal regista hoje 1.424 mortes relacionadas com a COVID-19, mais 14 do que no domingo, e 32.700 infetados, mais 200, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde.

Em comparação com os dados de domingo, em que se registavam 1.410 mortos, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 1%. Já os casos e infeção subiram 0,6%.

Na Região de Lisboa e Vale do Tejo, onde se tem registado maior número de surtos, há mais 193 casos de infeção (+1,7%).