“Diria que este despacho é um balão de oxigénio para as unidades de saúde que estão mais pressionadas e que precisam desta resposta das unidades que estão menos pressionadas”, sublinhou António Lacerda Sales durante a habitual conferência de imprensa sobre a situação epidemiológica em Portugal.
O Ministério da Saúde publicou hoje um despacho em que determina que os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) podem suspender durante o mês de novembro a atividade assistencial não urgente e que compete às Administrações Regionais de Saúde, I.P. (ARS, I.P.) tomar as medidas adequadas à articulação inter-regional.
Questionado sobre o documento, o secretário de Estado explicou que o objetivo é agilizar procedimentos para facilitar uma resposta inter-regional das unidades de saúde, num momento em que algumas estão sob uma maior pressão.
“O que se está a fazer com este despacho é garantir esse nível de preparação através da articulação das ARS para que possam articular esta resposta em rede”, referiu.
O Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), que regista 10% dos internamentos covid-19 a nível nacional, é um dos casos em que é preciso esse alívio, tendo solicitado à tutela "reforço" de médicos de medicina geral e familiar.
Atualmente, o CHTS tem 235 doentes covid-19 internados, dos quais 11 em cuidados intensivos. Na segunda-feira, fonte do CHTS confirmou à Lusa que tinham sido transferidos "cerca de 50" doentes covid-19 para outros hospitais da região e que 30 foram encaminhados de Penafiel para Amarante.
Durante a conferência de imprensa, António Lacerda Sales revelou que ainda hoje seriam transferidos 10 doentes para a Universidade Fernando Pessoa e outros 10 na quinta-feira.
A propósito do pedido de reforço de médicos, o secretário de Estado referiu que para a região Norte já tinham sido contratados, no âmbito da covid-19, 120 médicos até ao dia 26 de outubro, oito dos quais para o CHTS que recebeu também sete prestadores de serviço.
Ainda sobre o despacho do Ministério da Saúde, questionado sobre o número de atos médicos que poderão ser adiados na sequência da medida, António Lacerda Sales recordou apenas que no início da pandemia da covid-19 a atividade assistencial também foi interrompida, tendo vindo a ser recuperada deste maio.
“Eu começava por lembrar o tempo em que todos estávamos de acordo, em março, que se suspendesse a atividade assistencial pelo receio que tínhamos do colapso do SNS. Acho que é importante relembrarmos este momento”, afirmou.
Segundo o governante, desde que a atividade assistencial começou a ser retomada, no início do mês de maio, a recuperação foi sucessiva, apenas à exceção de agosto, e atualmente existem menos 623 mil consultas em comparação com o período homólogo de 2019.
“Em junho [a variação] era de cerca de 7,2%, o que equivalia a menos um milhão e 143 mil consultas”, comparou.
Sem avançar com estimativas sobre as consequências de uma segunda suspensão da atividade assistencial, António Lacerda Sales disse ainda que “passada esta fase, teremos novamente que começar a recuperar”.
Portugal regista hoje 7.497 novos casos de infeção com o novo coronavírus, o valor diário mais elevado desde o início da pandemia, e mais 59 mortes relacionadas com a covid-19, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).
De acordo com o boletim hoje divulgado o número de novos casos inclui o somatório de 3.570 casos, decorrentes do atraso no reporte laboratorial, principalmente de um laboratório na região Norte, desde o dia 30 de outubro.
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