“Os indicadores têm-se mantido estáveis e assim pretendemos que continuem e, portanto, atendendo à matriz de risco que tinha sido identificada do ponto de vista global estão reunidas as condições para avançar”, disse à agência Lusa o presidente da associação, Ricardo Mexia.
O médico de saúde pública e epidemiologista salientou que, depois de se avançar para a última etapa do plano de desconfinamento do Governo, prevista para segunda-feira, será necessário “afinar as situações mais locais, mais regionais, que possam eventualmente estar mais afastadas desta realidade [situação epidemiológica da COVID-19 a nível nacional]”.
Ricardo Mexia realçou que a progressão tem que ser acompanhada da manutenção das medidas de proteção contra a COVID-19 por parte da população, como o uso de máscara, lavagem frequente das mãos, manter uma distância segura, enquanto a situação não estiver “absolutamente controlada”.
“É evidente que à medida que vamos aumentando a cobertura vacinal também podemos encarar esta progressão com maior confiança”, salientou.
Defendeu, por outro lado, que é preciso “manter a guarda” em relação às variantes que circulam no país.
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Na terça-feira, o investigador João Paulo Gomes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), referiu que foram detetados seis casos da variante indiana de COVID-19, responsável por um surto na Índia, na última semana em Portugal.
Estimou ainda que a variante do SARS-CoV-2 associada ao Reino Unido represente já cerca de 90% dos casos em Portugal, onde foram também já detetados 73 casos da variante de Manaus, 44 dos quais nos últimos 15 dias, e 64 casos da variante da África do Sul.
“Naturalmente, que isto é o reflexo da abertura de fronteiras não só de Portugal mas em toda a Europa e, portanto, as variantes de preocupação que circulam nos países passaram a circular também de uma forma mais livre em todos os outros”, salientou João Paulo Gomes.
Para Ricardo Mexia, é preciso ter “uma particular atenção” aos locais onde essas variantes são mais prevalentes para tentar reduzir a possibilidade desses casos poderem entrar em território nacional.
“Temos que monitorizar isso de forma muito próxima e tentar reduzir o potencial dessas introduções (…). Portanto, se o pudermos fazer a montante do problema, evitando que haja essas introduções, seguramente que é uma opção mais vantajosa para todos nós”, sustentou.
Relativamente à situação dos internamentos por COVID-19, o também epidemiologista salientou o facto de terem vindo a decrescer, particularmente nos cuidados intensivos, o que disse ser “um bom indicador”, uma vez que é doença que gera internamentos longos.
Assinalou também o facto de a população mais vulnerável, de idade mais avançada, ser a que está “mais protegida” devido à vacinação, observando-se, por exemplo, em relação aos lares “uma mudança substancial em relação ao cenário anterior”.
“Globalmente os casos são poucos, e ainda bem que assim é, e esperamos continuar a manter essa situação. Já tivemos a retoma de diversas atividades e com maior potencial de disseminação e, até ver, a situação mantém-se controlada, o que obviamente é de realçar, e pretendemos também manter esse cenário”, resumiu Ricardo Mexia.
Para isso, defendeu, é preciso manter “uma boa estratégia de testagem, continuar a vacinação tão rápido quanto possível” e a população manter as medidas de proteção até ser alcançada a imunidade de grupo, através da vacinação.
Em Portugal, já morreram 16.973 pessoas com COVID-19 dos 835.563 casos de infeção confirmados, segundo a Direção-Geral da Saúde.
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