Num ponto de situação do mercado das vacinas contra a covid-19, o Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) refere que os países mais ricos receberam cerca de 200 doses/100 habitantes, 10 vezes mais do que os países mais pobres, que se ficaram pelas 20 doses/100 habitantes.

Embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) tenha pedido uma moratória nas doses de reforço da covid-19 até o final de 2021, a UNICEF lembra que a administração de doses de reforço nos países de maior rendimento “aumentou drasticamente no final de 2021, em resposta à nova variante Ómicron”.

Até o final de 2021, a COVAX, uma plataforma internacional para aquisição e posterior distribuição de vacinas contra a covid-19 nos países mais pobres, entregou cerca de mil milhões de doses (948 milhões) em 144 países, com entregas mensais recorde de 347 milhões de doses em dezembro.

A UNICEF sublinha que a COVAX, uma iniciativa da OMS, a Aliança Global para as Vacinas (GAVI) e a CEPi (parceria global de organizações públicas, privadas e filantrópicas), foi “particularmente crítica” para os países pobres, tendo contribuído para 79% dos fornecimentos totais até dezembro de 2021.

Das 150 milhões de doses entregues através do COVAX aos países mais pobres em 2021, 68% foram doadas e cedidos com custos divididos entre os doadores e a plataforma.

No total, em 2021 foram produzidos e entregues aos países 11 mil milhões de doses de vacina contra a covid-19, o dobro do volume total do mercado global de vacinas de 2019 para imunização de rotina, que foi estimado em 5,5 mil milhões de doses e que incluiu 85 vacinas diferentes, segundo a OMS.

Colocando estes valores em perspetiva, a UNICEF lembra que o mercado para a vacina contra o poliovírus (bOPV) - o maior mercado global de vacinas (em volume) em 2019 - foi de 1,5 mil milhões de doses, enquanto o mercado de vacinas para influenza sazonal ficou em 0,5 mil milhões de doses em 2019.

No ano passado, os cinco maiores produtores de vacinas covid-19 por volume de doses entregues aos países foram das biofarmacêuticas Sinovac, com 2,3 mil milhões de doses (21%), Sinopharm, com 2,1 mil milhões de doses (19%), Pfizer/BioNTech, com 2 mil milhões de doses (18%) , Serum Institute of India (SII), com 1,5 mil milhões de doses (13%), e a AstraZeneca, com 0,9 mil milhões de doses (8%).

“Juntos, esses produtores de vacinas representaram 80% do mercado total de vacinas Covid-19 (em volume)”, recorda.

A UNICEF lembra ainda que 115 países firmaram 515 contratos de fornecimento para garantir um total de 17,8 mil milhões de doses de vacinas contra a covid-19s, além de 5,3 mil milhões de doses opcionais.

“Olhando para o futuro, o foco para novos acordos de fornecimento serão provavelmente as vacinas pediátricas, os reforços e/ou vacinas específicas para novas variantes”, acrescenta a organização.

Em menos de um ano, desde que as primeiras vacinas covid-19 chegaram ao mercado, 33 diferentes vacinas foram aprovadas por pelo menos uma autoridade reguladora nacional.

Segundo a UNICEF, muitas outras vacinas candidatas estão em desenvolvimento e, destas, há 30 em estágio avançado de desenvolvimento: 17 em ensaios clínicos de Fase II/III, 10 em ensaios clínicos de Fase III e três já em revisão regulatória.

No ponto de situação sobre o mercado das vacinas contra a covid.19 que hoje fez, a UNICEF lembra que “foram identificadas grandes variações de preços na maioria das regiões geográficas”.

“A maior variação de preço está na Europa e Ásia Central, com países da mesma região a pagar um preço por dose que varia entre os 2,19 e os 36 dólares (entre 1,95€ e 32,17€). O preço médio por dose foi de 12,60 dólares (11,26€) em 2021.