“Eu evito falar da vida depois da covid. Penso que este vírus vai provavelmente viver com a raça humana no futuro próximo. (…) Penso que a humanidade deve aprender a viver com a covid como uma presença constante”, afirmou, durante um webinar organizado pela consultora Global Counsel, questionado pelo antigo comissário europeu Peter Mandelson.
Nabarro, britânico formado em medicina e com uma larga experiência em missões internacionais de combate à malária, ébola ou gripe das aves, lembrou que o VIH é outro vírus de origem animal que afeta os humanos e com cuja doença, a sida, têm de conviver.
“Mas encontrámos formas de adaptar as nossas vidas pessoais e cuidados de saúde, para se seja possível, graças aos cientistas, viver com os riscos colocados pelo VIH. A humanidade foi capaz de empurrar o VIH para uma situação em que é uma ameaça com a qual podemos viver”, vincou.
Identificada nos anos 1980, a sida é doença transmitida por via sexual ou sanguínea para a qual ainda não existe vacina ou cura definitiva, mas para a qual foram desenvolvidas terapêuticas que podem prolongar a vida do infetado.
Embora tenham sido desenvolvidas vacinas contra a covid-19 que já começaram a ser administradas, não é certo que garantam uma imunidade completa e duradoura.
Durante o evento, intitulado "Saúde pública global em tempos de crise”, Nabarro referiu que existe um grande risco de novas pandemias e que 75% dos novos vírus vêm do mundo animal, embora muitos surtos locais acabem por não se espalhar mundialmente.
Nabarro explicou que estes vírus estão a ficar mais frequentes “porque estamos tão determinados em expandir para áreas que usamos para produzir comida ou mineração ou atividades de lazer”.
Os "humanos querem entrar nos habitats onde existem animais que podem transportar este tipo de vírus. Temos de reduzir a nossa pressão sobre habitats onde pode existir patógenos que podem contagiar humanos”, acrescentou.
A pandemia de COVID-19 provocou, pelo menos, 2.092.736 mortos resultantes de mais de 97,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 9.920 pessoas dos 609.136 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Comentários