O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) tinha previsto, no seu plano de contingência, cerca de 90 camas para doentes estáveis, sendo que o hospital está de momento com 161 camas disponíveis e essa resposta vai ser alargada para um "número próximo das 230 camas para doentes estáveis", afirmou o presidente do conselho de administração, Carlos Santos, que falava numa conferência de imprensa.
Este alargamento da capacidade de resposta será feito "à custa de alguma atividade cirúrgica não essencial", salientou.
Segundo Carlos Santos, nos últimos dias fez-se sentir a pressão sobre o serviço de urgência, levando a que a capacidade de internamento esgotasse.
"O serviço de urgências do Hospital Geral [Covões] permite que os doentes possam permanecer durante algum tempo no serviço e temos duas unidades de retaguarda - duas IPSS [instituições particulares de solidariedade social] - para transferência e drenagem de doentes", acrescentou.
De acordo com o responsável, o CHUC está a preparar tudo para garantir que o alargamento da capacidade de resposta aconteça já durante esta semana.
Nos cuidados intensivos, estão disponíveis 53 camas para doentes críticos com covid-19, estando 43 ocupadas.
"A questão das camas é importante, mas não há resposta sem recursos humanos. A situação que se está a viver em Portugal, na Europa e no mundo não é normal e os recursos humanos que existem estão em esforço em todas as unidades hospitalares. A carência de recursos humanos é uma realidade evidente", notou.
Carlos Santos frisou que há um "esforço enorme" para "dotar as equipas dos meios necessários, mas nem sempre é possível".
Para o presidente do CHUC, os recursos humanos não estão disponíveis no Serviço Nacional de Saúde e "não estão disponíveis no mercado".
Segundo a intensivista e membro da direção clínica do hospital, Paula Casanova, "o problema não é o espaço, nem os meios".
"É preciso termos menos doentes e mais técnicos para tratar", frisou a médica, também presente na conferência de imprensa, salientando que sente-se mais a falta de enfermeiros no que toca à carência de recursos humanos.
O diretor de medicina interna do CHUC, Armando Carvalho, reconheceu que a "sobrecarga de trabalho para a medicina interna é brutal", realçando que os seus colegas estão "cansados".
Durante a conferência de imprensa, o responsável reconheceu que, desde o início de 2020, o serviço perdeu cinco elementos especialistas, tendo agora "o dobro do trabalho".
"Praticamente ninguém na medicina interna tirou as férias que tinha marcado em dezembro", constatou, apelando às pessoas para seguirem as recomendações das autoridades de saúde no que toca à prevenção e combate à covid-19.
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