Em conferência de imprensa após o Conselho de Ministros, a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, explicou que as populações dos três concelhos, no distrito do Porto, têm o “dever de permanência domiciliária, com exceção de um conjunto de atividades, à semelhança do que tinha acontecido no passado no conjunto de 19 freguesias [na Grande] Lisboa”.
Nos três concelhos ficam também em vigor a proibição de quaisquer celebrações e eventos com mais de cinco pessoas (salvo se pertencerem ao mesmo agregado familiar), bem como a obrigatoriedade de os estabelecimentos encerrarem às 22:00, com algumas exceções.
Ficou ainda definido o teletrabalho obrigatório para todas as funções que o permitam, independentemente do vínculo laboral.
De acordo com a informação divulgada pelo Conselho de Ministros, os cidadãos destes três concelhos devem “abster-se de circular em espaços e vias públicas, bem como em espaços e vias privadas equiparadas a vias públicas, exceto para um conjunto de deslocações que estão autorizadas, designadamente para aquisição de bens e serviços, para desempenho de atividades profissionais”.
Podem ainda deslocar-se “por motivos de saúde, para assistência de pessoas vulneráveis, para frequência de estabelecimentos escolares, para deslocação a estabelecimentos e serviços não encerrados, para fruição de momentos ao ar livre, para deslocações para eventos e acesso a equipamentos culturais, para a prática de atividade física ao ar livre, para passeio dos animais de companhia”.
Ficou ainda estabelecido que os veículos particulares podem “circular na via pública desde que seja para realizar as atividades autorizadas ou para o reabastecimento em postos de combustível”.
“Determina-se que em todas as deslocações efetuadas devem ser respeitadas as recomendações e ordens determinadas pelas autoridades de saúde e pelas forças e serviços de segurança, designadamente as respeitantes às distâncias a observar entre as pessoas”, refere ainda o Governo.
O encerramento às 22:00 aplica-se a todos os estabelecimentos de comércio a retalho e de prestação de serviços, bem como aos que se encontrem em conjuntos comerciais. Deste horário ficaram de fora as farmácias e os locais de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica, os consultórios e clínicas, os centros de atendimento médico veterinário com urgências, e as atividades funerárias e conexas.
Os rent-a-car e rent-a-cargo (que podem, sempre que o respetivo horário de funcionamento o permita, encerrar à 01:00 e reabrir às 06:00 ), as áreas de serviço e os postos de abastecimento de combustíveis estão igualmente fora desta medida horária.
A realização de feiras e mercados de levante ficam igualmente proibidas nestes três concelhos, onde passam ainda a estar suspensas as visitas a lares de idosos, a unidades de cuidados continuados integrados da Rede Nacional de Cuidados Integrados e noutras respostas dedicadas a pessoas idosas, bem como as atividades de centro de dia.
De acordo com Mariana Vieira da Silva, as medidas hoje tomadas para estes três concelhos serão reavaliadas na próxima semana.
“Não é confinamento obrigatório, é dito para as pessoas estarem em casa, com exceção de algumas atividades”, disse a ministra de Estado e da Presidência, frisando que, embora as medidas não sejam iguais para todo o país, a lógica de dever de recolhimento deveria ser adotada por todos.
Mariana Vieira da Silva salientou ainda não existir uma cerca sanitária, lembrando que as populações dos três concelhos podem circular entre eles.
O primeiro-ministro, António Costa, reuniu-se na quarta-feira com os presidentes das câmaras de Paços de Ferreira (Humberto Brito), Felgueiras (Nuno Fonseca) e Lousada (Pedro Machado) e com representantes das autoridades de saúde locais e regionais, para avaliar o aumento de casos de covid-19 naqueles municípios do interior do distrito do Porto.
"Neste momento, aquilo que o presidente da Administração Regional de Saúde do Norte nos pôde assegurar é que, mesmo tendo em conta aquilo que é a previsão de aumento de pandemia na região [interior do distrito do Porto] ao longo das próximas semanas, haverá resposta do SNS para as necessidades de internamento geral e de internamento em cuidados intensivos", disse o governante.
António Costa respondia a questões dos jornalistas sobre a capacidade de resposta do hospital de Penafiel, a unidade de referência de uma região com meio milhão de habitantes, que por estes dias tem enfrentado grandes dificuldades, com a insuficiência de profissionais.
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