Manuel do Carmo Gomes, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, respondia desta forma a questões levantadas pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na reunião que decorreu no Infarmed, em Lisboa, onde especialistas e políticos analisaram a situação epidemiológica da Covid-19 em Portugal.
No final da apresentação dos especialistas, Marcelo Rebelo de Sousa, enalteceu as exposições feitas pelos peritos, considerando que “foram excecionalmente interessantes” e “muito instrutivas” e lançou várias questões aos investigadores, sendo a primeira “como veem o mês de dezembro em relação ao início de 2021”.
“Das projeções parece poder depreender-se que apesar da evolução com sinais positivos há uma necessidade de consolidação, atendendo a que em termos de internamentos, em termos de internamentos de unidades cuidados intensivos ou se está ainda a atingir o pico ou não se atingiu o pico e não se sabe qual a evolução subsequente”, disse o chefe de Estado.
A segunda dúvida é “mais específica” e prende-se com o facto de no quadro das medidas a adotar como é “que veem a questão, nomeadamente em períodos como o Natal e o fim do ano, da deslocação ou da mobilidade das pessoas” e qual o grau de relevância desta medida.
Manuel do Carmo Gomes começou por dizer que está “otimista em relação ao fim do ano”, mas afirmou que isso depende do aliviar das medidas ou não” e da adesão dos portugueses a essas medidas para travar os contágios.
No seu entender, as medidas “não devem ser aliviadas significativamente”, salientando que vai haver famílias que se vão reunir no Natal e como mostraram apresentações realizadas na reunião esse comportamento “aumenta a probabilidade de contágios”.
“Inevitavelmente espero que haja um aumento do número de contágios na altura das festas, naquela semana entre o dia 23 e o fim do ano e isso depois reflete-se passados 15 dias (…) na incidência da doença”, disse Manuel do Carmo Gomes, prevendo que haja um recrudescimento de casos no início de janeiro.
Mas disse esperar que “não seja muito grande” e que se consiga controlar concomitantemente com o início da vacinação.
“Eu penso que se tudo correr normalmente quando chegarmos ao fim de março teremos uma quantidade de pessoas imunizadas por vacinação suficientemente grande para evitar já grandes aumentos que nos surpreendam da incidência”, salientou.
No então, continuará a haver surtos e as pessoas têm de continuar a adotar medidas de proteção, até porque não existe a certeza se a vacina evita a infeção e a transmissão em assintomáticos, advertiu.
Disse ainda esperar que no verão o país já esteja “próximo do retomar da normalidade”: “Tenho esperança que possamos já ter boas perspetivas” para a atividade económica e do turismo”, mas, disse, “até lá vamos ter que lamber as feridas”.
Sobre o impacto de restringir os movimentos em determinados concelhos, durante um período de tempo, em termos de número de casos e redução da incidência, disse ter dificuldades em responder.
“Não somos só nós em Portugal a ter dificuldade em fazer a ligação entre medidas particulares e depois como é que isso se reflete na descida dos casos, mas é evidente que tudo o que contribua para diminuir o número de contactos e a probabilidade” de contágios contribui para conseguir manter o controle sobre a epidemia, referiu.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,4 milhões de mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 4.724 em Portugal.
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