“O Ministério da Saúde deverá ter em consideração a realidade que enfrentamos e reforçar as respostas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) já existentes com mais recursos humanos, bem como ponderar urgentemente a possibilidade de convencionar com o setor privado e social uma resposta de emergência nesta área”, salientou a CNS em comunicado.
Segundo a CNS - organização que reúne 150 entidades dos setores público, privado e social da saúde, entre as quais cerca de 60 associações de doentes -, uma “resposta eficaz” na área da saúde mental passa também pelo reforço do número de psicólogos para os cuidados de saúde primários.
“A realidade é que hoje, no SNS, apenas existem 250 psicólogos para dar resposta às necessidades de toda a população portuguesa, muito aquém do desejável”, sublinhou a CNS, ao alertar que a pandemia da covid-19 terá efeitos negativos na saúde mental da população no futuro.
De acordo com a organização, os doentes crónicos, os jovens adultos com um futuro profissional incerto, os desempregados, as pessoas com suporte social frágil ou com dificuldades financeiras e as crianças e os adolescentes são os grupos mais vulneráveis.
“A tudo isto acresce o difícil acesso a cuidados de saúde”, tendo em conta que "a pressão causada pelos doentes covid-19 deixou sem cuidados adequados grande parte de doentes com outras patologias”, lembrou ainda a CNS, ao preconizar uma “aposta forte” na prevenção em paralelo como o investimento no tratamento da doença mental.
“Se continuarmos a adiar esta aposta, estaremos a assumir a incapacidade de o sistema de saúde dar resposta a todos os que necessitam”, alertou a convenção.
Hoje, numa audição na Comissão Parlamentar da Saúde, o diretor do Programa Nacional de Saúde Mental, Miguel Xavier, defendeu que esta área nunca foi considerada uma prioridade política em Portugal e que a saúde mental tem tido sempre um financiamento, no mínimo, três vezes inferior ao necessário.
A saúde mental é uma das áreas contempladas no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) de Portugal para aceder às verbas comunitárias pós-crise da covid-19, prevendo um investimento total de 1.383 milhões de euros em diversas vertentes para reforçar a capacidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Especificamente para concluir a reforma da saúde mental, o PRR inclui uma verba de 85 milhões de euros, que será aplicada, entre outros investimentos, na criação de residenciais na comunidade que permitam retirar os doentes residentes em hospitais psiquiátricos, na construção de quatro unidades de internamento em hospitais gerais e na criação de 15 centros de responsabilidade integrados.
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