“Não podem continuar a tolerar-se comportamentos que ponham em risco a saúde pública e sobretudo a saúde daqueles mais vulneráveis, os idosos e os doentes”, avisou Graça Freitas, durante a habitual conferência de imprensa sobre a pandemia da COVID-19 em Portugal.

Questionada sobre a situação epidemiológica na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde o aumento de novos casos tem sido, nos últimos dias, superior em relação ao resto do país, a diretora-geral reforçou que a situação é complexa.

“Quando digo complexa é porque tem várias e diversas causas”, explicou, referindo que além dos pequenos focos no polo industrial da Azambuja, em seis grandes obras, em bairros sociais e em lares, também se regista a circulação comunitária do vírus.

Segundo os últimos dados, na região de Lisboa e Vale do Tejo há cerca de 4.400 doentes ativos entre os 10.643 casos confirmados desde o início da pandemia, sendo que a maioria dos doentes (cerca de 5.700) já recuperou.

Sem adiantar se estão previstas medidas excecionais para Lisboa durante a terceira fase de desconfinamento, remetendo a questão para a reunião do Conselho de Ministros que decorre hoje, Graça Freitas aproveitou a conferência de imprensa para fazer um apelo à população jovem, que compõe a região.

Recordando que a sintomatologia da doença da COVID-19 tende a ser ligeira nos mais jovens, a diretora-geral sublinhou que mesmo essas pessoas podem transmitir o vírus a grupos de risco e, por isso, também o comportamento dos jovens deve ser exemplar.

“O meu apelo para a população jovem é que evite concentrações, que mantenha a distância física, que altere o seu comportamento, porque depende de todos nós e do nosso comportamento interromper cadeias de transmissão”, afirmou.

Graça Freitas sublinhou ainda que as autoridades de saúde gostariam que os próprios cidadãos “autorregulassem” o seu comportamento, lamentando que, nos últimos dias, isso não se tem verificado na região de Lisboa, onde tende a haver uma maior concentração de pessoas nos espaços públicos.

Questionada sobre a possibilidade da reabertura dos centros comerciais durante a terceira fase de desconfinamento, que arranca segunda-feira, a diretora-geral não confirmou a medida, dizendo apenas que “o risco depende do comportamento” de cada um.

“Mesmo com os centros comerciais encerrados, não se está a conseguir evitar o risco de pessoas se concentrarem noutros espaços”, lamentou.

Portugal contabiliza pelo menos 1.383 mortos associados à COVID-19 em 31.946 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgado na quinta-feira.

Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.

Esta nova fase de combate à COVID-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.

O Governo aprovou novas medidas que entraram em vigor no dia 18 de maio, entre as quais a retoma das visitas aos utentes dos lares de idosos, a reabertura das creches, aulas presenciais para os 11.º e 12.º anos e a reabertura de algumas lojas de rua, cafés, restaurantes, museus, monumentos e palácios.

O regresso das cerimónias religiosas comunitárias está previsto para 30 de maio e a abertura da época balnear para 06 de junho.