De acordo com informação do gabinete da secretária de Estado para a Integração e as Migrações enviada hoje à Lusa, o Alto Comissariado para as Migrações (ACM) “está, desde sábado, a acompanhar a situação dos requerentes de asilo e refugiados”, que se encontravam num hostel em Lisboa evacuado no domingo devido a um caso positivo a covid-19. A este caso somaram-se entretanto mais de uma centena.

Segundo a mesma nota, o ACM está a trabalhar em articulação com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, a Câmara Municipal de Lisboa, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, o Instituto Nacional de Emergência Médica, a Autoridade de Saúde Pública e o Conselho Português para os Refugiados.

Dado tratar-se de um grupo diverso, “constituído por 29 nacionalidades”, o ACM disponibilizou “apoio de tradução e mediação durante a operação que ocorreu no domingo”.

“Ontem [segunda-feira], os requerentes de asilo e refugiados que ocupavam o hostel da Rua Morais Soares, em Lisboa, foram transferidos para as instalações do Centro de Formação Militar e Técnica da Força Aérea, a antiga Base Aérea n.º 2, na Ota, numa operação conjunta” de diversas entidades, refere a nota.

Com esta transferência, acrescenta a secretaria de Estado, “todas as pessoas ficarão devidamente acomodadas e em segurança, de forma a que possam cumprir o necessário e obrigatório isolamento profilático”.

Na operação de transferência dos 169 cidadãos estrangeiros estiveram envolvidos a Câmara Municipal de Lisboa, o Ministério da Defesa e o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, que tem a seu cargo a coordenação da execução do estado de emergência na região de Lisboa e Vale do Tejo, com a colaboração dos corpos de bombeiros voluntários do distrito de Lisboa.

O Governo - através da Secretaria de Estado para a Integração e as Migrações, em articulação com os ministérios da Defesa, da Saúde, da Administração Interna e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social – “está a acompanhar o processo da evolução da situação das pessoas agora deslocadas para a Ota, mantendo-se o apoio do ACM no terreno ao nível da tradução e da mediação”.

Os 169 cidadãos estrangeiros provenientes do hostel de Lisboa chegaram hoje às 01:25 à Base Aérea da Ota para realizarem um período de quarentena devido à pandemia da doença covid-19.

De acordo com o vereador da Proteção Civil da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Castro, foram transportados 169 cidadãos estrangeiros, dos quais 136 testaram positivo à presença do novo coronavírus (SARS-CoV-2), sete com resultados inconclusivos e 26 com testes negativos.

Estas pessoas permanecerão no local durante duas semanas.

Questionado pela agência Lusa sobre a razão pela qual o transporte destes cidadãos apenas se iniciou depois das 00:20, Carlos Castro explicou que o processo "demorou o tempo que foi necessário para se fazer com total segurança", não só para estas pessoas, mas também para os profissionais de saúde e elementos das forças de segurança responsáveis pela operação.

Na segunda-feira, o presidente da Câmara de Alenquer, Pedro Folgado, afirmou que o espaço dispõe de 500 camas preparadas para acolher pessoas com a doença covid-19.

O hostel, na Rua Morais Soares, que albergava estas pessoas, foi alvo de uma desinfeção.

"Este hostel tinha um total de cerca de 185 pessoas residentes e alguns profissionais e, portanto, foram sendo feitos testes a toda esta população" e "muito deles deram positivo", indicou na segunda-feira a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.

Uma vez que as pessoas que estavam no hostel são, na sua maioria, imigrantes e refugiados, a Lusa contactou o Conselho Português para os Refugiados (CPR) para saber se este é o procedimento comum no caso de requerentes de proteção.

A presidente do CPR disse que aquele organismo está a acompanhar atualmente 950 requerentes de proteção, cerca de 800 dos quais se encontram em alojamentos externos aos serviços, em hostels na cidade de Lisboa.

Mónica Farinha reconheceu que a solução "não é a ideal em termos de acolhimento, mas, tendo em conta o aumento dos pedidos desde há uns anos e a demora na transição dos requerimentos, foi a forma encontrada", devido à sobrelotação dos centros de acolhimento do CPR.

Em Portugal, morreram 735 pessoas das 20.863 registadas como infetadas, de acordo com o balanço de segunda-feira da Direção-Geral da Saúde.