Numa pergunta dirigida à ministra da Saúde, Marta Temido, que estará hoje no parlamento num debate político, requerido pelo PSD, o grupo parlamentar do CDS-PP começa por escrever que não está “em causa” a decisão de vacinar crianças nesta faixa etária.

“O que pomos em causa é a forma como este processo se desenrolou e que, a nosso ver, foi feito de forma apressada, dando a entender que esta foi uma decisão política e não uma decisão tomada com base em fundamentos científicos e com critérios rigorosos. E isto, naturalmente, causa desconfiança e insegurança aos pais destas crianças, que terão a responsabilidade de tomar a decisão de vacinar ou não os seus filhos”, lê-se.

Na pergunta, os centristas defendem que não faz sentido “que, antes de se saber qual iria ser a posição da Comissão Técnica de Vacinação, o Governo já tivesse anunciado publicamente a compra das doses das vacinas e que até já tinha data para a sua chegada”, algo que, advogam, “fez parecer que a decisão dos especialistas iria ser secundarizada face à decisão política do Governo”.

“No comunicado da DGS pode ler-se, também, que ‘para esta posição foram considerados os contributos de um grupo de especialistas em Pediatria e Saúde Infantil, bem como de membros consultivos da CTVC [Comissão Técnica de Vacinação contra a covid-19]’. Mas qual é o grupo de especialistas em pediatria e saúde infantil? Quem o constitui? Não se pode saber? Porque motivo não se conhecem esses contributos e o seu conteúdo? Porque motivo são o parecer e contributos sigilosos?”, questionam.

Perante várias “questões sem resposta”, os deputados do CDS-PP consideram “muito natural” que os pais “tenham reservas e receios em vacinar os seus filhos”, acrescentando que “tanto secretismo gera desconfiança”.

Neste contexto, os centristas questionam Marta Temido sobre “quando vai tornar públicos os pareceres e contributos recebidos”, “porque motivo, nesta matéria, não foi ouvido pelo Governo o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida” e ainda se a governante pode assegurar “que a decisão tomada é estritamente técnica, cientificamente fundamentada, que acautela todas as questões éticas inerentes, e não uma decisão meramente política, como aparenta”.

Na terça-feira, a DGS recomendou a vacinação das crianças entre os 5 e os 11 anos, com prioridade para as que têm doenças consideradas de risco para covid-19 grave.

Em comunicado, a DGS apontou que esta recomendação surge na sequência da posição da Comissão Técnica de Vacinação contra a covid-19 (CTVC), que considerou, com base nos dados disponíveis, que a avaliação risco-benefício, numa perspetiva individual e de saúde pública, é favorável à vacinação das crianças desta faixa etária.