“[…] Conclui-se que a avaliação de risco-benefício é favorável à vacinação universal de crianças nesta faixa etária, sendo prioritária nas crianças com comorbilidades consideradas de risco para a covid-19 grave”, lê-se em comunicado.
De acordo com a DGS, a posição técnica “dava conta de que estava em avaliação o melhor intervalo entre doses para estas faixas etárias e que essa decisão técnica seria tomada na reunião regular da CTVC [Comissão Técnica de Vacinação contra a covid-19] de dia 09 de dezembro”.
A DGS adianta que, uma vez na posse do documento de 05 de dezembro, irá atualizar as normas sobre a vacinação contra a covid-19, segundo o procedimento habitual.
A divulgação da decisão técnica surge “com vista à necessária tranquilidade social”, lembra a DGS, adiantando que a da reunião de ontem “será divulgada após a sua conclusão”.
No documento, a Direção-Geral da Saúde explica que a Agência Europeia de Medicamentos “deu parecer positivo à formulação pediátrica da vacina contra a covid-19 […] para as crianças com cinco a 11 anos de idade, com base num ensaio clínico com mais de 2.000 crianças, tendo concluído, após avaliação da eficácia (90,7%) e segurança (perfil de segurança semelhante ao observado na população com mais de 12 anos), que os benefícios superaram os riscos nestas faixas etárias”.
Citando o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, as autoridades saúde dizem que cerca de 78% das crianças hospitalizadas não apresentam comorbilidades, alertando que o risco de hospitalização é superior (12-19 vezes) em crianças com comorbilidades.
Segundo a DGS, as crianças com cinco a 11 anos constituem cerca de 40% do total de casos diagnosticados em pessoas com menos de 18 anos.
“A covid-19 é ligeira na grande maioria das crianças, com um risco médio de hospitalização de 0,2% em crianças com 5 a 11 anos de idade, durante o ano de 2021, em Portugal”, sustenta.
Lembrando que ainda não são conhecidos potenciais riscos associados a reações adversas mais raras, para estas faixas etárias, como, por exemplo, a ocorrência de mio/pericardites registadas para adultos jovens vacinados com vacinas de mRNA, a DGS refere que as autoridades de saúde dos Estados Unidos, Canadá e Israel recomendam a vacinação contra o novo coronavírus SARS-CoV-2 de crianças de cinco a 11 anos.
De acordo com parecer técnico de um grupo de especialistas em Pediatria e Saúde Infantil “deve ser dada prioridade à vacinação dos adultos e dos grupos de risco, incluindo as crianças dos cinco aos 11 anos”.
E adiantam: “Poderá ser prudente aguardar por mais evidência científica antes de ser tomada uma decisão final de vacinação universal deste grupo etário. No entanto, consideramos que este grupo de trabalho é constituído por elementos com experiência para avaliar os benefícios e os riscos da vacinação para a saúde da criança e considerações detalhadas sobre impactos educacionais, sociais e económicos mais amplos deverão ser procuradas junto de outros peritos”.
A Comissão Técnica de Vacinação contra a covid-19, que realizou a avaliação de risco-benefício para a situação epidemiológica em Portugal, com base nas variantes Alfa e Delta, considerou ser favorável à vacinação nas crianças.
“Em quatro meses (dezembro de 2021 a março de 2022), uma cobertura vacinal de 85% das crianças com 5 a 11 anos, assumindo uma efetividade contra hospitalização de 95%, e assumindo um cenário de incidência mediana idêntico ao registado no período homologo (entre dezembro de 2020 e março de 2021), estima-se que evitaria 51 (9 a 147) hospitalizações e 5 (1 a 16) internamentos em UCI. Neste período, assumindo uma taxa de ocorrência de mio/pericardites pós-vacinação com Comirnaty semelhante à registada para os 12-15 anos (1,3/100.000 doses), esperam-se sete mio/pericardites associadas à vacinação”, anotam.
No entanto, a DGS alerta que a pandemia prejudicou as crianças, a sua educação, desenvolvimento cognitivo e emocional, saúde mental, bem-estar e vida social, especialmente as mais desfavorecidas e com perturbações mentais e do desenvolvimento.
“Com base na informação disponível, a variante Ómicron pode originar uma incidência mais elevada nas crianças com cinco a 11 anos do que aquela que foi assumida na análise risco-benefício. Não é ainda conhecida a história natural da infeção com esta variante, nomeadamente o risco de hospitalização, contudo a vacinação contra a covid-19 tem demonstrado elevada efetividade contra a doença grave, mesmo perante a emergência de novas variantes que foram associadas a uma menor efetividade vacinal contra infeção”, acrescenta.
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