A situação resulta do facto de a administração do estabelecimento, atualmente Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro (CMRRC) Rovisco Pais, onde se mantém institucionalizados nove doentes de Hansen, ter acabado com o turno noturno de enfermeiro para estes doentes, passando a dispor, se disso for caso, dos cuidados do enfermeiro de serviço aos doentes da reabilitação.
Em 14 de março, os enfermeiros do Serviço de Reabilitação Geral (RGA) do CMRRC foram “inacreditavelmente confrontados com a informação” de que, a partir do dia seguinte, começariam a “efetuar turnos de dez horas” (entre as 09:00 e as 19:00), que são “ilegais”, no “serviço de doentes de Hansen, ficando este serviço a descoberto de presença física no restante período do dia”, afirma o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
No período compreendido entre as 19:00 e as 08:15, “ficará responsável no serviço de Hansen o enfermeiro que estiver de turno no serviço de Reabilitação Geral, que dista cerca de 300 metros”, e das 08:00 às 09:00, “o enfermeiro da Consulta Externa”, de acordo com a decisão da administração do Centro, referida num comunicado do SEP enviado à agência Lusa.
No serviço de RGA estão “habitualmente internados entre 35 a 40 doentes, com apenas três enfermeiros no turno da tarde [das 16:00 às 23:00], o que significa um enfermeiro daquele serviço ficar com 15 doentes (muitos deles totalmente dependentes) mais os nove doentes de Hansen”, e “ainda com mais os doentes da Unidade Habitacional”, sublinha o Sindicato.
No turno da noite (das 23:00 às 08:00) estão “dois enfermeiros e o procedimento é o mesmo: um enfermeiro fica responsável por metade dos doentes da RGA, os doentes da unidade habitacional e pelos de Hansen”, acrescenta o mesmo comunicado.
Sustentando que os portadores da doença de Hansen exigem permanência de enfermeiro 24 horas por dia, o SEP questiona quais serão as consequências da decisão da administração do Rovisco Pais para aqueles doentes e para os dos serviços de reabilitação do estabelecimento.
A administração do CMRRC “deve ser responsabilizada por esta medida estritamente economicista”, que “pretende poupar na farinha e gastar no farelo”, sustenta o SEP.
Apesar dos esforços, a agência Lusa não conseguiu contactar a administração do CMRRC Rovisco Pais.
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