Ana Requena Méndez é uma das participantes no 4.º Congresso Nacional de Medicina Tropical e 1º Encontro Lusófono de Sida, Tuberculose e Doenças Oportunistas, promovido pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), que decorre entre quarta e sexta-feira em Lisboa.
O IHMT adianta, num comunicado hoje divulgado, que a mobilidade da população é o principal motor de muitos desafios globais de doenças, particularmente as infecciosas.
Sobre este tema, Ana Requena Méndez afirma, numa comunicação divulgada pelo instituto, que os hábitos culturais não influenciam a disseminação de doenças, mas outros fatores, como as condições em que muitos migrantes são forçados a estar, podem estar relacionados com a transmissão de certas doenças como a tuberculose.
“Estão a ser tomadas medidas para proteger a saúde dos refugiados e dos migrantes”, diz a médica, sublinhando que é “a saúde deles” que “está em risco, não a saúde dos cidadãos da União Europeia”.
Para Ana Requena Méndez, as melhores práticas em matéria de prestação de cuidados aos migrantes vulneráveis e aos refugiados, devem ser uma prioridade para os decisores políticos.
Defende ainda que a promoção da saúde, o rastreio e a gestão de doenças crónicas em migrantes vulneráveis e refugiados, devem ser facilitadas através de serviços integrados nos serviços primários.
No caso das crianças migrantes, o IHMT refere que a principal importância das doenças infecciosas está relacionada com a grande mobilidade das pessoas por zonas endémicas de algumas patologias, e pela não-existência ou o não-cumprimento de um plano de vacinação abrangente por essas populações.
Na comunicação subordinada ao tema “Migrantes, doenças infecciosas e as crianças”, a presidente do Conselho do IHMT e pediatra, Ana Jorge, realça que “a variabilidade dos planos de vacinação dos países e as diferenças de acesso têm uma enorme importância.
”No entanto, Portugal tem um sistema em que o acesso aos cuidados de saúde está facilitado”, mas “nem sempre é do conhecimento de quem precisa”, sublinha Ana Jorge.
Para a pediatra, a informação aos profissionais de saúde é outro dos aspetos que tem de ser considerado para que o acesso seja garantido.
O facto de alguns migrantes serem oriundos de zonas de guerra e viverem com grandes dificuldades socioeconómicas influencia também esta realidade, sublinha Ana Jorge.
Para o presidente do congresso, Miguel Viveiros, “estas problemáticas e desafios atuais, que afetam hoje a saúde global, exigem um conhecimento aprofundado dos principais determinantes de saúde e fatores de risco para a saúde dos migrantes e seus impactos nos países de acolhimento, na busca de soluções efetivas baseadas na evidência”.
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