Cientistas nos países em desenvolvimento procuram uma cura para este fungo, denominado Tropical Race 4, e que é a nova estirpe daquilo que se conhecia como Mal-do-Panamá.

Detetado nos anos 1990 na Malásia, o fungo escapou da Ásia em 2013 e em 2015 já tinha infetado plantações em Moçambique, assim como na Jordânia, Líbano e Paquistão.

Muitos cientistas temem que de Moçambique a doença se espalhe para o resto da África Subsaariana, lançando para a pobreza milhares de produtores de bananas.

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“O impacto nas plantações afetadas é imenso, com perdas significativas de plantas e com a impossibilidade de erradicar o fungo dos solos afetados”, disse Altus Viljoen, um especialista em doenças das plantas na Universidade Stellenbosch, na África do Sul.

A doença pode ser devastadora para os pequenos agricultores, que fornecem grande parte dos 17 milhões de toneladas de bananas Cavendish comercializados anualmente.

Na Indonésia e na Malásia, por exemplo, o fungo destruiu mais de 5.000 hectares de bananas Cavendish entre 1992 e 1993, disse Agustin Molina, que lidera a investigação sobre a doença na região Ásia-Pacífico para a organização científica internacional Bioversity International.

Apesar de todos os esforços, a Tropical Race 4 já chegou a Moçambique e outros países da África Oriental muito dependentes da exportação de bananas - como o Uganda - temem uma epidemia.

“Se nada for feito nos próximos dez anos, perder-se-ão milhares de milhões de dólares em colheitas”, afirmou Enoch Kikulwe, cientista na sucursal ugandesa da Bioversity International.

Apesar da preocupação dos cientistas africanos, a maior ameaça é para a região da América Latina e Caraíbas, responsável por 25% da produção mundial de bananas e por 80% das exportações mundiais.

Já em 2014, a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) exortara os países, especialmente da América Latina, para reforçarem a prevenção deste fungo.

Segundo a FAO, a banana é a oitava cultura alimentar mais importante no mundo e o quarto alimento mais importante entre os países menos desenvolvidos, pelo que "a disseminação da doença da banana “poderia ter um impacto significativo sobre os produtores, comerciantes e famílias que dependem da indústria da banana”, disse na altura Fazil Dusunceli, patologista de plantas da FAO.

A doença é transmitida pelo solo e o fungo pode permanecer ativo durante décadas, pelo que estando presente num campo não pode ser totalmente controlada pelas práticas e fungicidas (que destrói fungos) atualmente disponíveis.

Segundo a FAO, a melhor maneira de combater a doença é evitar a sua propagação, o que inclui evitar o movimento de materiais de plantas doentes e as partículas do solo contaminadas.

Segundo a Confederação das Associações Económicas (CTA) de Moçambique, a exportação de bananas rende mais de 70 milhões de dólares (64,5 milhões de euros) anuais ao país.