A expressão é de Bruno Silva-Santos, líder da equipa e vice-presidente do IMM, cujo trabalho foi distinguido com o primeiro prémio Janssen Inovação, no valor de 30 mil euros.

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Os prémios Janssen Inovação - 1º, 2º e 3º e menções honrosas - foram entregues no Porto pela farmacêutica, que promove os galardões em parceria com a Universidade Católica Portuguesa.

O segundo prémio, de 20 mil euros, foi atribuído ao grupo liderado por Sara Carmo-Silva, do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, pelo estudo da proteína ataxina-2 como "potencial novo alvo terapêutico para a obesidade e as doenças metabólicas".

No montante de 10 mil euros, o terceiro prémio foi entregue à equipa de Elsa Anes, do Instituto de Investigação do Medicamento da Faculdade de Farmácia de Lisboa, pela "descoberta de novos mecanismos que podem ajudar não só a eliminar o bacilo da tuberculose, mas também a melhorar a resposta à vacinação" no doente.

A descoberta da equipa de Bruno Silva-Santos

Bruno Silva-Santos e restante equipa descobriram, numa experiência com ratinhos com cancro do fígado e da pele (melanoma), que um subgrupo de linfócitos T (células do sistema imunitário), que "ajuda o tumor a crescer", é "muito suscetível ao 'stress' oxidativo", ao contrário da generalidade dos linfócitos T que protegem o organismo contra 'invasores'.

O investigador, que dirige o laboratório de diferenciação de linfócitos T e oncoimunologia, explicou à Lusa que tal acontece porque "os linfócitos pró-tumorais", por oposição aos linfócitos T 'bons', que são antitumorais, estão 'desprotegidos' por terem muito pouco glutationo, um antioxidante.

Segundo os cientistas, os linfócitos T 'maus' comunicam com os neutrófilos, células de defesa do organismo 'boas' que produzem determinadas substâncias, as chamadas espécies reativas de oxigénio, que são compostos químicos que resultam da ativação ou redução do oxigénio molecular.

Tais substâncias, usadas pelo sistema imunitário para atacar ou 'matar' agentes patogénicos, "interferem com a respiração da célula" e com o seu funcionamento, levando à "oxidação da célula".

As células, 'normais' ou tumorais, necessitam de "usar o oxigénio de forma eficaz" para desempenharem a sua função.

Quando entram em 'stress' e o oxigénio não é utilizado de forma eficaz, a célula oxida, não tem a energia de que precisa e fica disfuncional.

A equipa de Bruno Silva-Santos, que pretende alargar o estudo, ainda por publicar, a outros tipos de cancro, descobriu que é possível inutilizar a função das células T 'más' se for induzido 'stress' oxidativo dentro delas, o que é feito naturalmente pelos neutrófilos.

"O futuro será desenhar fármacos que possam fazer dentro do tumor este processo, induzir a oxidação destas células para que não estejam funcionais", sustentou o investigador, acrescentando que a imunoterapia melhorará se foram estimuladas as células antitumorais e inibidas as células pró-tumorais.

Criado em 2016, o Prémio Janssen Inovação visa "promover e incentivar a investigação científica de excelência realizada em Portugal nas áreas de imunologia, infecciologia, neurociências, oncologia e hipertensão pulmonar".