A informação foi dada à Lusa por uma das chefes de equipa que pediu a demissão, Teresinha Simões.

Os chefes de equipa de urgência da Maternidade Alfredo da Costa (MAC) apresentaram uma carta de demissão à administração mas esta disse depois que a situação “está controlada e ultrapassada”.

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Os profissionais que assinaram e entregaram a carta queixam-se da falta de recursos humanos e dizem que estão exaustos.

"Não está controlada e ultrapassada"

Teresinha Simões, uma das chefes de equipa que assinou a carta, disse à Lusa que “obviamente a situação não está controlada e ultrapassada”, que a carta de demissão se mantém, e que, se a situação não se alterar, dentro de duas semanas os chefes de equipa vão cumprir a lei e deixar de fazer períodos noturnos e urgências.

A responsável explicou à Lusa que, devido à idade, os profissionais podiam deixar de fazer horas extraordinárias.

“Todos já teríamos direito a não fazer noites e continuamos a fazê-lo, todos os chefes de equipa. E muitos podem nem fazer sequer qualquer urgência, porque têm mais de 55 anos”, explicou.

Segundo Teresinha Simões, dos oito chefes de equipa de urgência apenas um tem menos de 55 anos.

Teresinha Simões adiantou à Lusa que houve uma reunião com a direção mas que “na prática não foi dado nada” porque foram “prometidas as mesmas coisas que andam a prometer há meses”, na sequência de alertas de que “a situação não pode continuar”, que tem de ser contratadas mais pessoas, tanto de pessoal de enfermagem como de pessoal médico.

“Estamos a fazer 12 horas extraordinárias todas as semanas e a ultrapassar o nosso limite e a nossa capacidade”, alertou na conversa com a Lusa.

Teresinha Simões disse que, apesar da carta, "naturalmente" os chefes de equipa vão continuar a trabalhar porque não podem deixar de o fazer “de um dia para o outro”, e explicou que apenas retiram o pedido de demissão com dados concretos e não “com promessas”.

E disse também que foi proposto aos chefes de equipa fazerem urgências com quatro pessoas nuns dias e cinco noutros, quando habitualmente são sete, o que é “incomportável na Alfredo da Costa, com o movimento e patologia que tem”.

"Com esse número de pessoas, se tivermos duas cesarianas ao mesmo tempo não temos rigorosamente mais ninguém”, alertou.