Tratar doenças com células manipuladas do próprio corpo é um caminho que o investigador Mário Grãos procura a partir das células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical.
No Biocant Park de Cantanhede, e em parceria com a empresa Crioestaminal, pioneira em Portugal na criopreservação de células estaminais, aquele investigador estuda as células estaminais mais centrado na sua potencial aplicação com doenças do sistema nervoso central causadas pela perda de mielina, uma substância que ajuda os nervos a receber e interpretar as mensagens do cérebro.
“Potenciais aplicações são as doenças desmielinizantes do sistema nervoso central, como por exemplo a esclerose múltipla, e outras desse tipo. Estamos a fazer ensaios laboratoriais com alguns resultados interessantes que permitem ter essa vontade de continuar. Estas células têm um potencial bastante alargado para esse tipo de doenças e para outras”, confessou à agência Lusa.
Há dois anos a coordenar a investigação, mais centrada na esclerose múltipla, espera dedicar os próximos um ou dois anos a ensaios in vitro e depois passar para modelos animais, e testar a função destas células para corrigir defeitos de desmielinização do sistema nervoso central.
“Estas células em concreto têm várias vantagens porque são células que podem ser criopreservadas e podem obter-se de vários locais do organismo. Há sempre um potencial de utilização autóloga, ou seja de um paciente poder vir a utilizar as células do próprio organismo para regenerar o próprio organismo”, sublinha.
Numa fase – acentua – essas células poderiam ser retiradas do organismo, ou resgatadas de um banco de células, se provém da conservação do cordão umbilical, e depois “em laboratório fazer-lhe alguma manipulação para ajudar a diferenciarem-se no tipo celular que é pretendido” para a doença que especificamente se pretende tratar.
“Pode haver uma vertente em que estas células num estado indiferenciado podem ajudar o próprio sistema a regenerar-se, e há uma outra abordagem, em que se possa diferenciar essas células numa linhagem para substituir as células que ficaram em falta”, acrescenta.
“Uma das grandes vantagens que eu vejo é o facto de a pessoa poder utilizar as próprias células sem estar a ter problemas de rejeição” do organismo, na transplantação, conclui Mário Grãos.
16 de setembro de 2011
Fonte: Lusa
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