A médica e a técnica de audiologia envolvidas em 2010 na troca de medicamentos que provocou queimaduras em duas crianças no Hospital de Almada começam a ser julgadas a 03 de outubro, disse ontem à Lusa fonte ligada ao processo.
Em declarações à Lusa, o advogado das famílias das duas crianças, Pedro Roldão, disse que a primeira sessão do julgamento terá início às 09:30 do dia 03 de outubro, no Tribunal de Almada.
No dia 17 de junho de 2010, duas crianças, de três anos e de 18 meses, sofreram queimaduras na sequência de uma troca de medicamentos no decurso de um exame de diagnóstico no serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada.
O incidente provocou queimaduras nos intestinos das duas crianças e também na traqueia e no esófago de uma delas. O hospital garantiu, nesse mesmo dia, que as crianças estavam “estáveis”. Quatro dias depois ambas tiveram alta clínica e têm desde essa altura sido seguidas no HGO.
Na sequência do acidente, o hospital instaurou um inquérito para apurar responsabilidades, mas a médica envolvida no caso não foi suspensa de funções. Em outubro de 2010, a diretora clínica do hospital, Ana França, anunciou os resultados.
A diretora afirmou que a troca tinha tido origem numa “deficiente identificação ou verificação por parte da médica responsável pela administração do fármaco em causa”, associada a uma “deficiente identificação do medicamento por parte da técnica de audiologia”, à “inapropriada colocação do fármaco administrado, que se encontrava no frigorífico em vez de no armário da sala de urgência” e ao “rótulo do frasco do medicamento administrado”.
O hospital considerou, nessa altura, que “as intervenientes violaram deveres de cuidado a que estavam adstritas no desempenho das suas funções” e afirmou que a médica e a técnica de audiologia seriam punidas com penas de repreensão escrita, que ficariam registadas no cadastro profissional de ambas.
No dia 23 de junho de 2010, o Ministério Público (MP) anunciou que ia pedir informações para averiguar o incidente. No final de janeiro de 2011, fonte da Procuradoria-Geral da República disse à Agência Lusa que o MP tinha constituído e interrogado três arguidos neste caso.
No dia 05 de maio de 2011, a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa anunciou que o MP deduzira acusação contra a médica e contra a técnica de audiologia envolvidas na troca de medicamentos.
19 de setembro de 2011
Fonte: Lusa
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