Para além do tabaco, o que pode provocar cancro do pulmão?

O principal fator de risco para cancro do pulmão é mesmo o tabagismo, sendo que a probabilidade do seu desenvolvimento aumenta tanto com o número de anos de tabagismo como com o número de cigarros fumados. Importa referir que o tabagismo passivo também constitui um fator de risco. Fatores adicionais são a exposição (ocupacional, por exemplo) a agentes cancerígenos ambientais (como asbestos, radão, entre outros) e fatores genéticos.

Algumas patologias respiratórias crónicas (como doença pulmonar obstrutiva crónica, fibrose pulmonar, entre outras) também parecem poder predispor ao cancro do pulmão.

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Por que motivo é tão mortífero?

Durante a sua fase de desenvolvimento inicial, altura na qual será mais facilmente controlável, o cancro do pulmão caracteriza-se por ser habitualmente silencioso e não ter qualquer sintomatologia.

Assim, quando surgem manifestações desta doença, na maioria das vezes esta está já numa fase mais avançada, em que o seu controlo definitivo se torna mais difícil. Para além disso, a própria biologia do carcinoma do pulmão caracteriza-se habitualmente por ser agressiva (tanto do Carcinoma Não de Pequenas Células como o de Pequenas Células, mas especialmente este último).

Quais são os principais grupos de risco desta doença?

O principal grupo de risco é a população com hábitos tabágicos (ativos ou ex-fumadores).

Porque é que a imunoterapia pode mudar o paradigma do cancro do pulmão em Portugal?

Os fármacos de imuno-oncologia são um grupo terapêutico abrangente e em desenvolvimento desde há vários anos. Os avanços mais recentes nesta área vieram alargar o leque de opções terapêuticas eficazes em diversas áreas de patologia oncológica, sendo uma delas a do cancro do pulmão. Assim, estes fármacos vieram aumentar o número de terapêuticas ativas disponíveis para serem utilizadas no tratamento de uma doença que é por um lado muito frequente (tanto a nível global como em Portugal) e que por outro lado tinha um prognóstico historicamente descrito como desfavorável, contribuindo assim de uma forma certamente relevante para a melhoria do tratamento da mesma.

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Como funciona essa terapêutica? Pode ser aplicada em todos os tipos de tumor do pulmão?

Os fármacos de imuno-oncologia atuam utilizando o próprio sistema imunitário contra as células malignas. Fazem isto ou de forma direta, estimulando a erradicação das células tumorais, ou de forma indireta, inibindo os mecanismos que as células malignas arranjam para se manterem invisíveis para o sistema imunitário.

No fundo, funcionam procurando ultrapassar algumas das limitações do sistema imunitário em reconhecer as células como estando doentes.

Por enquanto, na área do cancro do pulmão, apenas existe evidência científica robusta sobre o benefício da sua utilização no tratamento do subtipo Carcinoma Não de Pequenas Células do Pulmão.

A imunoterapia tem efeitos secundários?

Sim, mas quando ocorrem são na sua maioria manejáveis e pouco graves. No entanto, podem ocorrer toxicidades de maior gravidade em alguns casos.

Que vantagens tem este tratamento face à quimioterapia?

Em relação à quimioterapia clássica tem duas vantagens: a de uma melhor tolerabilidade e a de que, quando é eficaz, esse efeito tende a perdurar muito mais no tempo do que com a quimioterapia.

E quais são as desvantagens?

Em relação à quimioterapia, o tempo até ao início da sua ação pode ser mais prolongado. Para além disso, apesar de na maioria dos casos os efeitos secundários serem, como referi, pouco graves, no cenário menos frequente de uma toxicidade mais severa esta pode ser pouco expressiva numa fase inicial, o que pode tornar mais difícil a sua identificação precoce.

Que hospitais vão poder fornecer imunoterapia para este tipo de tumores?

Existem já vários fármacos de imuno-oncologia aprovados pela EMA (European Medicines Agency) e comparticipados pelo Infarmed, Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde para a sua utilização em Portugal, no tratamento do cancro do pulmão em estadios avançados.

A imunoterapia pode curar o cancro do pulmão ou é um tratamento paliativo?

Por enquanto tem apenas aprovação para utilização no contexto paliativo, mas existe já evidência do seu benefício em estadios mais precoces, em que o objetivo do tratamento é a cura.