O plano é o principal resultado de uma missão técnica da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Instituto Pasteur que esteve em Cabo Verde durante uma semana para apoiar as autoridades de saúde cabo-verdianas nas investigações laboratoriais dos casos de grávidas com suspeitas de infeção por vírus Zika.
Segundo Cristina Fontes Lima, a OMS já garantiu que apoiará o país com os reagentes para fazer testes permanentes no Laboratório de Virologia local, enquanto o resto do financiamento será mobilizado junto de outros parceiros, como o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).
"O plano foi orçamentado e vamos agora apresentá-lo aos parceiros. A OMS central já assumiu a responsabilidade de financiar os reagentes, mas temos o BAD, bem como outros parceiros. A OMS vai nos ajudar a fazer a busca destes parceiros e acho que vai haver uma resposta imediata dado ao interesse e importância de vencer a doença e evitá-la no futuro", sustentou a ministra.
No dia 15 de março, a ministra da Saúde informou que o país registou o primeiro caso de microcefalia, cujos primeiros testes confirmaram que há uma "associação" ao vírus Zika.
"É um plano imediato, de preparação e resposta às consequências de uma epidemia, qualquer que ela seja: Zika ou outras", prosseguiu Cristina Fontes Lima, em conferência de imprensa, em que também marcaram presença o representante da OMS em Cabo Verde, Mariano Castellon, representantes da missão técnica e outros responsáveis de saúde cabo-verdiana.
Além de preparar o país para evitar mais epidemias provocadas por doenças transmitidas por mosquito, o plano terá ainda outras ações, como a revisão da legislação, reforço da coordenação intra e extra setorial, reforço da cooperação, formação e recrutamento de pessoas.
Contempla ainda a realização de estudos sobre os mosquitos, e segundo a ministra um deles será perceber por quê é que só na região de sul do arquipélago, que contempla as ilhas do Maio, Santiago, Fogo e Brava, é que os mosquitos transmitem infeções.
A epidemia de Zika foi declarada oficialmente em Cabo Verde em outubro do ano passado e até início de março foram registados 7.490 casos suspeitos, uma tendência descendente, já que na última semana foram contabilizados apenas quatro casos suspeitos que estão a ser seguidos.
Segundo a ministra da Saúde, a OMS e o Instituto Pasteur vão ainda ajudar o país a compreender a situação do vírus Zika, nomeadamente o facto de até agora ter registado mais de sete mil casos suspeitos, mas não apareceram muitas consequências, como perturbações neurológicas, tal como acontece noutros países.
Por isso, serão estudadas várias questões, como a eventual imunidade baixa do cabo-verdiano e imediata resposta do sistema de vigilância do arquipélago. "Estamos a apresentar um plano estruturado que está a contribuir para melhor conhecimento da doença no mundo", disse.
Cabo Verde vai ainda assinar um acordo com o Instituto Pasteur de Dacar, um laboratório de referência regional para a OMS, para realizar estudos, colaborar com o mundo da pesquisa dessa doença, valorizando os especialistas e quadros locais, referiu Cristina Fontes Lima.
Segundo a ministra, a epidemia do vírus Zika caminha para o seu fim em Cabo Verde, mas a preocupação agora é seguir as cerca de 140 grávidas infetadas e o caso de microcefalia.
O vírus regista-se sobretudo países da América Latina, sendo o Brasil o país mais afetado, com cerca de 1,5 milhões de casos.
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