“A urgência pediátrica funcionou, há poucos dias, com menos de dois especialistas”, ou seja, foi assegurada por “um pediatra e um interno ou tarefeiro”, afirmou à agência Lusa Maria Helena Figueiredo, da Comissão Coordenadora Distrital de Évora do BE.

Contactado pela Lusa, o Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) indicou que, “apesar das dificuldades”, por “falta de prestadores de serviços nesta área”, tem “conseguido garantir todas as escalas” e disse não prever perturbações no funcionamento da urgência.

A dirigente bloquista argumentou que este serviço de urgência enfrenta “uma situação mais difícil do que já é habitual”, que está relacionada com a “falta de pediatras”, salientando que este “não é um problema só de Évora”, mas , no caso do HESE, “é especialmente gravoso”.

Segundo a responsável, o Colégio da Especialidade de Pediatria da Ordem do Médicos recomenda que, para garantir segurança e qualidade de serviço, a urgência deve dispor de dois especialistas, sendo que um deles pode ser interno de último ano.

“Estimamos que existam 25 mil crianças e jovens no distrito de Évora”, mas também os de Beja e Portalegre “podem ter que recorrer a esta unidade”. Por isso, o total de potenciais utentes do HESE pode chegar “aos 50 mil a 60 mil” utentes, calculou.

Maria Helena Figueiredo, que também é membro da Mesa Nacional do partido, considerou que “a situação é crítica” quando está “um médico especialista apenas de serviço na urgência” para o distrito de Évora e também para os de Beja e Portalegre.

Além de eventuais problemas na assistência hospitalar, vincou a responsável, a falta de especialistas também pode afetar a capacidade formativa da unidade, já que, “abaixo de um determinado número de profissionais, nem internos pode receber”.

“Esta é uma situação de extrema gravidade e de grande fragilidade”, insistiu a dirigente do Bloco de Esquerda, lembrando que o hospital de Évora dispõe da “única unidade de neonatologia do Alentejo”.

De acordo com a bloquista, a líder do partido, Catarina Martins, na qualidade de deputada, já solicitou uma reunião com a administração do HESE para “aferir da situação real e da possibilidade de serem adotadas medidas de reforço dos quadros”.

Na resposta à Lusa, o hospital de Évora explicou que a Urgência Pediátrica da unidade “funciona com equipas constituídas pelos pediatras do Serviço de Pediatria do HESE com idades inferiores a 55 anos” e “pediatras prestadores de serviço”.

Os especialistas com mais de 55 anos, sublinhou, “usufruem da prerrogativa legal de não realizarem atividade de urgência”.

A unidade hospitalar adiantou que, para completar a equipa de três elementos, recorre “sempre que necessário” a prestadores de serviço, os quais têm “experiência em atendimento pediátrico”.

“Excecionalmente, o terceiro elemento pode estar ausente num período de 12 horas (um turno), o que não inviabiliza o funcionamento do Serviço de Urgência Pediátrica e o garante da resposta a todas as crianças e pais da região”, acrescentou.