“Há uma opção clara que tem de ser feita, que é privilegiar a contratação de médicos para o SNS em detrimento da contratação de prestadores de serviços, que fica muito mais cara e presta muito pior serviço aos hospitais”, afirmou.

A líder do BE falava aos jornalistas no final de uma reunião com o conselho de administração do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), depois de os pediatras da unidade terem alertado para o risco de rotura da Urgência Pediátrica.

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Os clínicos alertaram, na semana passada, para o risco de rotura da Urgência Pediátrica, devido à falta de especialistas, e deram conta do seu “descontentamento com as condições de trabalho e de assistência” existentes na unidade.

“Temos atualmente uma equipa exausta, envelhecida, insuficiente para assegurar as necessidades do serviço” e que “trabalha para além dos limites legais e humanamente razoáveis”, avisaram, frisando: “A escala de Urgência de Pediatria está atualmente em rotura”, arriscando-se a ficar, “já este mês”, com “períodos de 12 horas sem pediatra”.

Lembrando declarações recentes do bastonário dos Médicos sobre o assunto, Catarina Martins referiu que “o Ministério da Saúde está a jogar contra si”, porque “recorre à contratação de empresas em vez de vincular médicos nos hospitais”.

120 milhões de euros gastos em empresas de prestação de serviços

“Os 120 milhões de euros gastos em empresas de prestação de serviços podiam ter servido já para contratar três mil médicos para o SNS, que precisa desses especialistas”, apontou a dirigente bloquista.

Catarina Martins considerou também que deve ser dada autonomia aos hospitais para fazerem contratações para substituir profissionais que se encontram de baixa ou que se ausentam, lembrando uma proposta do BE nesse sentido já aprovada no parlamento.

“Os hospitais têm de ter a capacidade de fazer a contratação sem passar cada uma pelas muito lentas autorizações do Ministério das Finanças quando, por exemplo, uma enfermeira está de licença de maternidade ou um médico se ausenta por qualquer razão”, disse.

Referindo-se a “um problema mais específico” do HESE, relacionado com “condições físicas” do seu edifício, a dirigente bloquista apontou a necessidade da construção do novo hospital.

“Precisamos que a obra se inicie efetivamente no espaço desta legislatura. Ninguém compreenderia, depois de tantos anos à espera, que não fosse possível, com a atual maioria, lançar concurso e começar obra efetiva”, assinalou.

A coordenadora do BE admitiu que o novo hospital, mesmo que todos os prazos sejam cumpridos, “não estará pronto antes de 2023”, notando que “há pequenas obras que tem de ser feitas” no atual edifício.

“Essas obras já foram aprovadas”, mas “carecem ainda das últimas autorizações do Ministério das Finanças e é importante que aconteçam quanto antes”, advertiu.