A vacina em desenvolvimento contra infeções bacterianas resistentes a antibióticos baseou-se numa investigação universitária “realmente única” ligada à própria criação da Immunethep, em 2014, sediada no Biocant Park, em Cantanhede, no distrito de Coimbra.

“Não estamos a atacar cada uma das bactérias isoladamente. Foi descoberto um mecanismo que todas essas bactérias usam e estamos a falar de bactérias conhecidas pela sua resistência a antibióticos e responsáveis por grande parte das infeções hospitalares. Ao ter sido descoberto o porquê de elas estarem a ultrapassar o nosso sistema imunitário e serem capazes de nos infetar e terem um mecanismo comum, com esta abordagem conseguimos fazer uma vacina que tem capacidade de prevenir infeção de cinco bactérias diferentes”, disse à agência Lusa Bruno Santos, cofundador e administrador executivo da biotecnológica.

Lembrando que no mercado, atualmente, “há vacinas que conseguem prevenir alguns subtipos de cada bactéria”, Bruno Santos frisou que a tecnologia “muito mais abrangente” em desenvolvimento na Immunethep “é um produto que vai ser revolucionário” e que irá entrar em ensaios clínicos.

“Devido a ser algo completamente novo e um mecanismo completamente novo do que o usado até agora, exigiu da nossa parte uma investigação maior no desenvolvimento”, explicou.

Uma das bactérias visadas pela nova vacina é a pneumococo - principal responsável por pneumonias e meningites, entre outras doenças – “em que as vacinas que estão no mercado, juntas, representam cerca de sete mil milhões de vendas por ano”.

“O nosso produto é, claramente, um que pode substituir esse assim que chegue ao mercado”, argumentou Bruno Santos.

Paralelamente à vacina antibacteriana “que será sempre preventiva da infeção” e para além de outra contra a covid-19, a Immunethep (que possui uma equipa de 10 pessoas), está a desenvolver um tratamento por anticorpos monoclonais – que ajudam o sistema imunológico a combater doenças mais rapidamente – passível de ser aplicado a doentes “quando os antibióticos não funcionam”.

“A vacina está numa fase mais adiantada, os anticorpos numa fase ainda mais atrasada, mas já temos parcerias [com empresas farmacêuticas e outras entidades] à escala global e continuamos esse desenvolvimento”, frisou Bruno Santos.