Em entrevista à Lusa, o representante dos Médicos entende que as reivindicações profissionais se centram “essencialmente no doente e na qualidade da Medicina e dos cuidados” prestados.

A falta de profissionais, o desgaste e a desmotivação fazem aumentar a possibilidade de cometer erros, além de aumentarem a conflitualidade entre médicos e doentes.

“Os médicos têm vários motivos para protestar e aderir à greve. A ministra da Saúde não tem sido educada com os médicos. A ministra não cumpre a primeira regra básica de gestão, que é tratar bem os profissionais e não o faz sobretudo com os médicos e com os enfermeiros”, lamenta Miguel Guimarães.

O bastonário refere que as várias reivindicações que os médicos têm apresentado “não têm sido satisfeitas”, sublinhando que os profissionais trabalham muitas vezes “sem segurança clínica e sem garantias de qualidade”.

A greve de 02 e 03 de julho foi decretada, respetiva e concertadamente, pelo Sindicato Independente dos Médicos e pela Federação Nacional dos Médicos.

Os sindicatos argumentam que, cinco anos após a saída da ‘troika’, “o Governo mantém para o SNS e para os médicos a austeridade que disse ser temporária”.

“Com isso, os médicos trabalham mais horas na urgência e têm listas de utentes maiores. Os serviços estão à beira da rotura devido à falta de profissionais e de equipamento. Os doentes esperam meses ou anos por consultas e cirurgias”, refere a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) numa “carta aos utentes”.

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) considera que os profissionais foram compelidos à forma constitucional mais dura de luta e protesto” por um Governo “intransigente”

“O Governo é responsável pela desorganização em que se encontram as urgências hospitalares, a desarticulação de serviços de saúde, a decadência acelerada em que se encontra um dos serviços sociais de maior importância e coesão social da democracia portuguesa: o SNS”, refere o SIM.