Miguel Guimarães, que falava aos jornalistas depois de visitar o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, foi questionado sobre uma notícia da TSF, segundo a qual o Estado gastou, em 2018, 925,8 milhões de euros com meios complementares de diagnóstico e terapêutica feitos no privado, mais 99,4 milhões que em 2015, no início da legislatura, tendo referido que esta situação “reflete a incapacidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.
“Em 2017, do Orçamento do Estado foram transferidos para o setor privado e social 2,4 mil milhões de euros. Em relação a empresas prestadoras de serviços gastaram-se 104 milhões de euros no ano passado. Contratámos mais horas a tarefeiros. Há uma incapacidade de resposta nossa”, constatou o bastonário.
Miguel Guimarães frisou que o SNS “infelizmente não tem capacidade de resposta para fazer as cirurgias no tempo aceitável, para fazer milhares ou milhões de meios complementares de diagnóstico e terapêutica, entre outras necessidades”, tendo acusado o Ministério da Saúde de “fazer ouvidos moucos” face a esta situação.
Também questionado sobre o anúncio de que o Governo vai contratar este ano mil novos técnicos superiores para a Administração Pública, estando previsto priorizar os setores da Educação e da Saúde, referiu que o país “até poderá ter mais profissionais de saúde em números, mas isso não significa mais força de trabalho”.
“Os descansos compensatórios são importantíssimos e foi este Governo que implementou, mas é obrigatório que existam mais profissionais para existir capacidade de resposta. Atualmente 1.600 médicos têm horários reduzidos. Continuará a existir incapacidade de resposta”, frisou.
Miguel Guimarães iniciou hoje uma série de visitas a hospitais do país, iniciativa que começou em Gaia onde no ano passado 52 diretores clínicos ameaçaram demitir-se por várias ocasiões e desde abril é liderada provisoriamente por José Pedro Moreira da Silva, após a saída do anterior presidente do conselho de administração, António Dias Alves.
O bastonário comentou a realidade atual da área de obstetrícia do Algarve.
“Já se sabe que quer a maternidade de Faro, quer a de Portimão têm uma deficiência gravíssima de capital humano, contrariamente ao que tem sido dito pelos responsáveis. Faltam obstetras e neonatologistas. Quando temos uma região do país onde nesta altura do ano a população triplica, é uma janela do país para o exterior e não reforçamos a capacidade de resposta destas unidades, obviamente que alguma coisa está mal”, referiu.
Miguel Guimarães falou, ainda, de situações que pretende tornar público através de um relatório que quer enviar à ministra da Saúde, Marta Temido.
“Se começar a falar de casos, tenho de percorrer o país de lés a lés e falar, por exemplo, de Bragança onde qualquer dia não temos médicos ou Beja onde mais de 70% dos médicos tem mais de 62 anos, entre muitos outros”, concluiu.
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