“Não há dúvida que neste momento existem razões e motivos que legitimam que os médicos possam fazer greve. As razões são muitas e muitas delas têm a ver com o que é a qualidade do exercício da medicina, nomeadamente em termos do que é o respeito e a dignidade que os profissionais de saúde merecem e que não têm tido”, afirmou o bastonário da OM, Miguel Guimarães, no final da reunião do Fórum Médico, onde ficou decidido agendar uma greve nacional para 10 e 11 de maio.

Entre as medidas essenciais estão, para o bastonário, resolver os “tempos excessivamente curtos que os médicos e os doentes têm um para o outro”, recordando que há muitos profissionais em situação de ‘burnout’ (cansaço e ‘stress’ profissional extremo), o que aumenta a possibilidade de cometer erros.

Miguel Guimarães considerou ainda essencial diminuir a lista de utentes por cada médico de família, bem como tomar medidas para fixar os jovens médicos, evitando que emigrem ou se afastem para o setor privado.

“Não posso deixar de terminar esta intervenção apelando ao ministro da Saúde para que crie o consenso necessário para que a greve não seja de facto necessária. Era fundamental que o ministro da Saúde entendesse algumas destas questões essenciais e era importante que conseguisse estabelecer um consenso que permitisse resolver a situação da melhor forma”, afirmou o bastonário aos jornalistas na sede da Ordem dos Médicos.

Antes da declaração de Miguel Guimarães, dirigentes dos dois sindicatos médicos tinham anunciado que irão avançar para uma greve nacional nos dias 10 e 11 de maio. “As promessas ministeriais continuam a não ter tradução em atos concretos e em medidas de solução dos problemas existentes. As reuniões ditas negociais não passam de simulacros e de passar o tempo", referem os dois sindicatos.

Entre as reivindicações está a questão da reposição do pagamento das horas de trabalho extraordinário, já que os médicos estão a receber apenas 50% desde 2012. A degradação da qualidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é outro dos motivos apontados pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

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