"Desde fevereiro de 2016, foram detetados 24 casos de hepatite A de duas estirpes distintas (...) em cinco países da União Europeia. A maioria dos casos é relatada entre homens adultos que fazem sexo com homens (MSM), com apenas algumas mulheres afetadas, incluindo uma pessoa suspeita de injetar drogas", começa por descrever o comunicado (.pdf) emitido pelo Centro Europeu de Vigilância Epidemiológica (ECDC) a 19 de dezembro de 2016.

"O ECDC encoraja todos os estados-membros a sensibilizarem os prestadores de cuidados de saúde (...) sobre a possibilidade da infeção pelo vírus da hepatite A", lê-se ainda no alerta.

O SAPO Lifestyle entrou em contacto com a DGS na tentativa de obter um comentário, mas até ao momento não obteve uma resposta.

Num artigo de opinião publicado no jornal Público na segunda-feira (03/04), o médico e ativista do Grupo de Ativistas em Tratamentos (GAT-Portugal) Bruno Maia frisa que os "primeiros casos 'em excesso' começaram a ser notificados em dezembro de 2016. A DGS nada fez em todo este tempo e não acautelou o stock de vacinas, agora em rutura".

Portugal tem atualmente 138 casos de hepatite A diagnosticados. Segundo declarações do diretor-geral da Saúde, Francisco George, na terça-feira (05/04), trata-se de um surto "longe de se considerar controlado".

Os especialistas e peritos nacionais estiveram ontem reunidos para elaborar uma nova orientação que visa o controlo do surto. Segundo Diogo Medina, médico do Grupo de Ativistas em Tratamentos (GAT), Portugal terá 12 mil vacinas que terão de ser criteriosamente administradas. Diogo Medina adiantou ainda que a expetativa é alargar a vacinação a outros pontos de saúde, que atualmente está concentrada numa unidade de saúde de Lisboa.

Francisco George diz que há uma falta de "produção global da vacina" para a hepatite A, pelo que há que ser criterioso na sua administração.

Quanto aos grupos a vacinar, que irão ser redefinidos na nova norma da DGS, constam contactos íntimos e familiares de pessoas que estejam comprovadamente doentes, homens que fazem sexo com homens com práticas anais e oro-anais e viajantes para países de Ásia, África, América Central e do Sul.

A preocupação são os festivais de verão

Francisco George mostrou-se preocupado sobretudo com os festivais de verão em Portugal (alertando para as condições sanitárias nem sempre adequadas) e com um evento de manifestação de orgulho LGBT - “World Pride” - que se realiza em junho em Madrid - escreve a agência de notícias Lusa.

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