9 de outubro de 2013 - 11h36
A “enorme falta de apoio disponível” no Algarve na área dos cuidados paliativos motivou uma psicóloga britânica a fundar em 2009 em Lagos a Madrugada, associação que apoia doentes terminais e hoje tem cerca de 80 colaboradores, na maioria voluntários.
Em entrevista à Lusa no âmbito do Dia Mundial dos Cuidados Paliativos, assinalada no próximo sábado, dia 12, Alison Blair contou que uma das características principais da Madrugada, que presta apoio ao domicílio, é o facto de não negar ajuda mesmo àquelas pessoas que não têm condições financeiras para pagar os cuidados paliativos.
“Não ter condição financeira não é uma barreira a receber cuidados paliativos e tanto os pacientes como as suas famílias nunca são chamados a contribuir para cobrir quaisquer custos fixos da associação”, disse Alison Blair.
“Trabalhamos arduamente para gerar rendimento suficiente com vista a suprir todos os custos de funcionamento”, explicou, enumerando que a associação contorna a falta de verbas com a organização de eventos um pouco por todo o Algarve com vista a angariação de fundos e com duas lojas de caridade (uma em Almancil e outra na Praia da Luz).
A funcionar desde 2009 com uma sede na Praia da Luz, a Madrugada oferece também "várias terapias, atividades, aconselhamento e informação que complementam os tratamentos médicos em curso", mencionou Alison Blair.
As pessoas que procuram a associação sofrem como o cancro ou doenças neuromotoras.
Neste momento a Madrugada abrange a zona do Barlavento algarvio (zona oeste) e ajuda pacientes de “qualquer idade, nacionalidade ou estrato social”, assegurou a mentora do projeto.
É prestado “apoio a qualquer pessoa”, desde que vá de encontro a alguns critérios da associação, como a habitação ter “condições básicas de salubridade”, os animais de estimação não causarem entraves aos cuidados paliativos, ter a cooperação do médico assistente sobre o plano de ação no cuidado ao paciente e existir uma equipa de enfermagem disponível.
A associação ajuda os pacientes e os seus cuidadores a adaptarem-se no dia-a-dia e a lidarem com todas as dificuldades que vão encontrar durante o período da doença e para além dela.
“Temos uma equipa de enfermagem e temos uma pequena equipa permanente que assegura a gestão corrente do dia-a-dia”, descreveu a fundadora.
A ideia de criar uma associação que pudesse prestar cuidados paliativos em casa do paciente teve origem numa experiência pessoal vivenciada por Alison Blair, a quem uma amiga pediu auxílio para que pudesse passar os seus últimos dias de vida em casa.
Ao aceitar este pedido, Alison, juntamente com a família, amigos e a equipa médica daquela paciente, organizou um plano de ação para que o objetivo fosse concretizado. Foi então que constatou a falta de apoio a este nível.
Lusa