O que é a asma?

A asma brônquica é uma doença respiratória crónica, frequente nas crianças, adolescentes e adultos jovens. Evolui clinicamente pelo aparecimento de crises de tosse e falta de ar, com intervalos livres de sintomatologia.

As crises ocorrem pelo espasmo dos músculos dos brônquios (broncoconstrição), com aumento de secreções e inflamação que, em conjunto, provocam diminuição do diâmetro dos brônquios.

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A asma tem, frequentemente, causa alérgica, podendo as crises ser desencadeadas por diversos fatores: contacto com alergénios (pólenes, pelos de animais, ácaros ou pó da casa); poluentes atmosféricos (tabaco, tintas, fumo de lareiras); infeções respiratórias e o próprio exercício físico. Atualmente é possível controlar, com muito sucesso, a maior parte das situações de asma brônquica. 

O meu filho tem asma. Pode praticar exercício físico?

Sim. Desde que devidamente controlada, a asma não deve ser impeditiva de uma vida normal, com atividade física regular ou prática de qualquer desporto que a criança aprecie. É muito importante seguir os conselhos do médico assistente (modificações do meio ambiente e dos hábitos de vida, cumprimento de medicações preventivas e terapêutica das crises). 

Pedro Flores, pediatra no Centro da Criança e do Adolescente do Hospital CUF Descobertas
Pedro Flores, pediatra no Centro da Criança e do Adolescente do Hospital CUF Descobertas Pedro Flores, pediatra no Centro da Criança e do Adolescente do Hospital CUF Descobertas créditos: DR

Quais são os benefícios e riscos da prática de exercício físico nestas crianças?

A atividade física regular tem inúmeras vantagens na promoção da saúde de adultos e crianças. Tem efeitos benéficos a nível cardio-vascular, respiratório, bem como na prevenção da obesidade, diabetes mellitus, hipertensão e alguns tipos de cancro. Melhora, naturalmente, a postura, força e flexibilidade. Do ponto de vista mental e psíquico, o exercício físico ajuda a libertar endorfinas, hormonas que dão sensação de bem-estar, melhoram o sono e alguns sintomas de ansiedade, stresse e depressão. A sociabilização das crianças é também favorecida pelas atividades desportivas. Estes benefícios são comuns a todas as idades e todos associamos as memórias de uma infância feliz aqueles passeios de bicicleta, às tardes a jogar à bola e aos mergulhos na praia e na piscina. 

As desvantagens do exercício físico têm a ver, fundamentalmente com acidentes que podem ocorrer e, raramente, com episódios de doença súbita em pessoas com determinados factores de risco. É, portanto, fundamental que, com as precauções adequadas, se promova a actividade física de todas as crianças, incluindo as com asma brônquica.

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Que cuidados se deve ter?

Nas crianças com asma não controlada, o exercício físico desencadeia tosse e falta de ar. A criança sente-se mal, não tem o rendimento esperado, é colocado de lado (nos desportos de equipa) e, naturalmente, tem tendência a deixar de querer fazer desporto. Os pais, professores e treinadores devem estar atentos a este problema, promovendo a melhoria do controlo da asma e o regresso à prática normal. Não se deve restringir ou proibir mas, pelo contrário, modificar a terapêutica de fundo, adaptar os horários de acordo com as condições atmosféricas, respirar pelo nariz (para que o ar fique quente e húmido) e praticar exercícios de aquecimento adequados. 

Quais os desportos mais aconselhados?

A escolha do tipo de desporto deve ser individualizada a cada criança, às suas, preferências, potencialidades e objetivos. Em geral, é mais fácil controlar os sintomas de asma nas modalidades fisicamente menos pesadas, como golf, ioga, caminhada ou cicloturismo. Algumas atividades constituem um desafio maior: esqui, corrida de longa distancia, triatlo, futebol ou basquetebol.

Os fatores a considerar são a alta intensidade (com períodos de descanso muito curtos) e o contacto com ar frio, pólenes ou poluição. No entanto é importante frisar que, com treino adequado e acompanhamento médico individualizado, todos os desportos são possíveis em doentes asmáticos. Há exemplos de atletas de topo em várias modalidades que sofrem de asma brônquica e isso não os impediu de serem campeões. Importa recordar que a terapêutica para a asma pode ser classificada como doping, pelo que estes atletas a devem referir nos respetivos controlos.

As explicações são do médico Pedro Flores, pediatra no Centro da Criança e do Adolescente do Hospital CUF Descobertas.