A tuberculose, latente em um quarto da população mundial, infeta cerca de 10 milhões de pessoas todos os anos e mais de 1,2 milhões acabam por morrer.

Embora as populações mais pobres sejam as mais afetadas, a doença não é necessariamente uma prioridade para os políticos, embora também esta patologia torne as pessoas mais vulneráveis à Covid-19.

Objetos que aumentam o risco de contrair COVID-19 segundo a Direção-geral da Saúde
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Especialistas dizem que os sistemas de saúde em todo o mundo podem aprender com a luta contra a tuberculose, doença para a qual existe uma vacina e um teste de diagnóstico de apenas alguns minutos.

"Sabemos o que funciona contra a Covid-19, graças à nossa experiência e às ferramentas que usamos contra a tuberculose: controlo da infeção, testes em larga escala, rastreio de contactos", diz Jose Luis Castro, diretor executivo da União Internacional contra Tuberculose e Doenças Pulmonares. "A prevenção de qualquer doença exige vontade política - e a prevenção continua a ser a ferramenta mais importante contra a Covid-19", acrescenta.

O novo coronavírus é oficialmente responsável por mais de 19.000 mortes em todo o mundo. Governos de vários países adotaram medidas de contenção sem precedentes para retardar o seu progresso.

"Com a tuberculose, lutamos por pesquisas e investimentos para desenvolver ferramentas de diagnóstico confiáveis e melhores tratamentos", comenta Grania Brigden, da União Contra a Tuberculose.

"Isso mostra que, quando há vontade política, as coisas podem acontecer e, infelizmente, para a tuberculose, a vontade política sempre foi um problema", comentou à AFP.

Em vários países na vanguarda da luta contra a tuberculose, os serviços de tratamento e testagem foram interrompidos pela Covid-19, que pesa muito sobre os sistemas de saúde.

A nova epidemia também interrompeu as cadeias de suprimentos de medicamentos e equipamentos usados para tratar outras doenças, como máscaras e antibióticos. E a preocupação com a disseminação do novo coronavírus, principalmente na África subsaariana e no sul da Ásia, onde os sistemas de saúde são frágeis, preocupa a comunidade médica.

"Pessoas infetadas com tuberculose, VIH ou outras doenças infecciosas, bem como prisioneiros, migrantes e pessoas que vivem na pobreza podem ter ainda menos acesso aos cuidados", ressalta a União Contra a Tuberculose.

"Espero que esta situação (a epidemia de coronavírus) nos ajude a entender que a saúde global é importante e que devemos proteger os mais vulneráveis e em risco, fora de nossas próprias bolhas", conclui Brigden.