Chamaram-lhe a "guerra esquecida", mas nem isso foi suficiente para incentivar as autoridades mundiais a porem um ponto final num dos conflitos mais atrozes da atualidade.

Segundo a Organização das Nações Unidas, 80% da população iemnita precisa de ajuda humanitária. Os números da UNICEF indicam que três milhões de pessoas necessitam de assistência alimentar imediata e um milhão e meio de crianças sofre de desnutrição.Tudo isto num país que antes da guerra já era o mais pobre da Península Arábica.

Há mais de um milhão de casos de cólera do Iémen, doença que mata seis crianças por hora neste país. Em dezembro, diversas organizações não governamentais (ONG) emitiram um alerta sobre a situação humanitária no Iémen, na sequência de uma "guerra esquecida" que se prolonga há mil dias e está a originar a maior crise humanitária do mundo. "É necessário que isto acabe, é tempo de agir", referiu Liny Suharlim, responsável no Iémen pela ONG Acted.

O número de pessoas com necessidades aumentou em mais de um milhão nos últimos seis meses, para atingir os 22 milhões. Assim, mais de 80% da população está dependente de ajuda humanitária para cuidados médicos, água e alimentação", sublinhou a responsável em entrevista à agência noticiosa France-Presse.

Em 26 de março de 2015, nove países dirigidos pela Arábia Saudita desencadearam neste país, o mais pobre do Médio Oriente, a operação "Tempestade Decisiva" para combater a rebelião dos ‘Huthis’. Desde então a guerra intensificou-se, com a entrada em cena da Al-Qaeda e do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), e um conflito por procuração entre os ‘Huthis’, apoiados pelo Irão, e a Arábia Saudita.

Até ao momento contabilizam-se cerca de 8.750 mortos, mas o pior está para vir, sublinham as ONG. “Desenha-se uma fome”, advertiu Olivier De Schutter, antigo relator especial da ONU sobre o direito à alimentação. Segundo a ONU, 4,5 milhões de crianças e mulheres grávidas estão severamente mal alimentadas, mais 148% que antes do início da guerra. Ao ritmo atual, deverão morrer 50 mil crianças apenas durante 2017.

É uma situação motivada totalmente por razões políticas: governos irresponsáveis e grandes potências cuja inação reforça o seu sentimento de impunidade.