O trabalho "Alterações Climáticas, Impactos e Vulnerabilidades na Europa 2016" divulgado pela Agência Europeia do Ambiente (EEA na sigla em inglês) fez uma análise dos efeitos das mudanças do clima, e estimou que os custos tenham atingido 6,783 mil milhões de euros, entre 1980 e 2013, em Portugal, dos quais somente 300 milhões, ou seja, 4%, estavam cobertos por seguros.

Aquele valor total representa 665 milhões de euros de perdas por cada português e 0,14% do Produto Interno Bruto (PIB).

As alterações climáticas observadas, refere a Associação Sistema Terrestre Sustentável Zero, "já estão a ter um grande impacto nos ecossistemas, nos setores económicos e na saúde e bem-estar humanos na Europa, sendo mencionado [pela EEA], aliás, o caso do surto de dengue na Madeira".

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Embora reconheça que as estratégias, políticas e ações de adaptação estão a progredir na União Europeia, a associação defende a importância de avançar, a nível nacional e local, com o Roteiro Nacional de Carbono Neutro para 2050 e com a aplicação de iniciativas no âmbito da Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas.

Sul da Europa gravemente afetado

Para a Zero, o realce do estudo deve ser dado ao montante dos custos e à baixa percentagem coberta por seguros. "O relatório é claro e fornece evidências que, ano a ano, são cada vez mais robustas sobre o facto das alterações climáticas continuarem a nível mundial e na Europa", com o sudeste e sul europeus projetados como zonas 'hotspots', "com o maior número de setores e domínios a serem gravemente afetados", refere a Zero.

"Os custos económicos podem ser elevados, mesmo para níveis mais modestos de alteração climática, e esses custos aumentam significativamente para cenários de maiores níveis de aquecimento" e as perdas projetadas são mais elevadas no sul da Europa, resume.

As áreas costeiras e planícies de inundação na parte ocidental da Europa são também 'hotspots' multissetoriais, e os Alpes e a Península Ibérica pontos críticos para os ecossistemas e os seus serviços, acrescenta a associação liderada por Francisco Ferreira. Entre as alterações listadas estão os aumentos das temperaturas da terra e do mar, as mudanças dos padrões de precipitação, tornando as regiões húmidas na Europa mais húmidas, no inverno, e as regiões secas mais secas, no verão.

A extensão e volume do gelo marinho e cobertura de neve estão a diminuir, o nível do mar está a subir e os extremos climáticos como ondas de calor, precipitação intensa e secas estão a aumentar em frequência e intensidade em muitas regiões.

Nos últimos anos, têm sido registados níveis recorde de temperatura global, de nível do mar e de declínio da extensão de gelo polar.