“Há dados que permitem concluir que a violência aumentou nas noites das cidades, que, por exemplo, aumentaram os casos de violação e de droga”, disse hoje à agência Lusa António Reis Marques, um dos impulsionadores da Agência para a Prevenção do Trauma Psicológico e da Violação dos Direitos Humanos (APTPVDH), criada há dois anos, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

Atualmente, “calcula-se que haja mais de um milhar de prostitutas” em Coimbra e que “cerca de dois terços não tenha qualquer ligação a entidades de proteção”, exemplifica Reis Marques.

“É preciso prevenir”, sustenta o médico psiquiatra, que também é diretor do Centro de Responsabilidade Integrada de Psiquiatria e Saúde Mental (CRI-PSM) do CHUC e no âmbito do qual foi criada e funciona a Agência.

Mas prevenir “não significa acabar com o lazer da noite”, adverte o responsável, adiantando que o projeto está a ser estudado em cooperação com autarquias, forças de segurança e organizações não-governamentais (ONG), entre outras entidades públicas e privadas.

“A prevenção é o fator essencial”, sustenta Reis Marques, salientando que o programa ‘noites saudáveis na cidade’ pretende sobretudo fomentar “a noção de cidadania responsável e com direitos”.

Embora esteja previsto ser, para já, lançado apenas em Coimbra, o programa ‘noites saudáveis das cidades’ poderá vir a abranger outros centros urbanos ou mesmo dimensão nacional, admite Reis Marques.

Coordenada por João Redondo, que também é responsável pela Unidade de Violência Familiar e do Centro de Prevenção e Tratamento do Trauma Psicogénico do CHUC, a Agência funciona no âmbito CRI-PSM do CHUC.

Constituída formalmente em 18 de fevereiro de 2104, para estreitar o relacionamento entre instituições e para estudar e enfrentar o problema do trauma de forma eficiente e integrada, a APTPVDH já atendeu mais de um milhar de pessoas (vítimas e agressores) e tem associadas 39 organizações públicas e privadas, desde organismos ligados à saúde, à justiça ou à segurança social a organizações não-governamentais, forças de segurança, escolas ou ordens profissionais.