O doente, de 21 anos, tinha sofrido uma amputação do pénis há três anos, após uma infeção causada por uma circuncisão mal feita numa cerimónia de iniciação tradicional africana.

Numa operação de nove horas,  no Hospital Tygerberg, na Cidade do Cabo, o homem recebeu o novo pénis de um dador morto.

"Provámos que pode ser feito. Podemos dar a alguém um órgão tão bom como o que tinha", comentou Frank Graewe, diretor do serviço de cirurgia plástica reconstrutiva da Universidade Stellenbosch, no sudoeste da África do Sul.

Os médicos indicaram que o homem, cuja identidade não foi revelada, fez uma recuperação total desde a operação, a 11 de dezembro, e recuperou todas as funções urinárias e reprodutivas.

Um transplante semelhante tinha já sido feito, com êxito, em 2006, na China, mas os médicos tiveram de remover o órgão ao fim de duas semanas devido a "um grave problema psicológico do recetor e da mulher".

Amputações penianas por circuncisões mal feitas

Todos os anos, muitos adolescentes sofrem amputações de pénis em consequência de circuncisões mal feitas em cerimónias de iniciação.

Os adolescentes africanos de alguns grupos étnicos passam cerca de um mês isolados no mato ou em regiões montanhosas como parte da sua iniciação à idade adulta. A experiência inclui circuncisão, bem como lições de coragem e disciplina masculinas.

No ano passado, uma comissão concluiu que 486 rapazes tinham morrido nas escolas de iniciação de inverno entre 2008 e 2013, sendo uma das principais causas de complicações provocadas por infeções pós-circuncisão.

A equipa sul-africana é composta por três médicos experientes, coordenadores de transplantes, anestesistas, enfermeiros, um psicólogo e um especialista em ética.

Os cirurgiões da Universidade de Stellenbosch e do Hospital Tygerberg tinham procurado intensivamente um dador compatível como parte de um estudo piloto para desenvolver os transplantes de pénis em África.

Algumas técnicas foram desenvolvidas a partir do primeiro transplante facial, em França, em 2005.

A equipa tenciona, agora, realizar mais nove operações semelhantes.

A África do Sul é, há muito, pioneira nas cirurgias de transplante: em 1967, Chris Barnard realizou o primeiro transplante de coração no Hospital Groote Schuur, na Cidade do Cabo.

O cidadão chinês que rejeitou o seu novo pénis em 2006 recebeu o órgão transplantado quando os pais de um homem em morte cerebral aceitaram doá-lo.