No Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC), que integra os hospitais São José, Curry Cabral, D. Estefânia, Santa Marta, Capuchos e Maternidade Alfredo da Costa, o número de doentes internados por via da urgência aumentou “quase o dobro em relação àquilo que é a norma”.
“Por cada urgência, o número de pessoas que fica internada aumentou bastante”, disse Paulo Espiga, vogal executivo do Conselho de Administração do CHULC, adiantando que são “doentes complicados” que implicam “muitos cuidados” e internamento.
Segundo Paulo Espiga, a pressão nas urgências está a acentuar-se de duas formas. Por um lado, os suspeitos de covid-19 que são “um pouco mais daquilo que era normal nas últimas semanas”, e por outro lado, “e mais importante”, os doentes não covid, cuja pressão tem vindo a ser sentida desde princípios de setembro, mas que se tem vindo a agudizar.
Quanto aos internamentos, Paulo Espiga disse que há “uma ocupação elevada”. Nas áreas da Medicina “a pressão é muitíssimo elevada” e obriga a reformular a afetação das camas de outras áreas para a área Medicina.
“Se a covid-19 continuar a subir então esta pressão ainda será maior porque são camas que teremos que retirar a outras áreas para afetar aos doentes, mas neste momento a pressão que temos é de doentes não covid”, salientou.
O Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), que engloba os hospitais Santa Maria e Pulido Valente, também tem vindo a registar uma maior afluência de doentes graves.
Apesar de continuar a haver doentes com pulseiras verdes e azuis nas urgências (casos não urgentes), está a assistir-se a “uma alteração desse perfil relativamente ao passado”, disse à Lusa o diretor clínico do CHULN, Luís Pinheiro.
“Já temos um predomínio que, às vezes, chega a ultrapassar os 70% de doentes amarelos e laranjas que representam doentes de maior complexidade (…) ao contrário do histórico anterior onde eram mais ou menos 50%, ou às vezes menos, do total da afluência à urgência”, referiu, sublinhando que são doentes que “requerem um tipo de cuidados e de assistência mais prolongada e mais complexa”.
Relativamente aos internamentos não-covid, afirmou que está a viver-se uma realidade semelhante à fase pré-pandemia, com “um preenchimento significativo” das áreas de internamento, na atividade programada e não programada, “mercê daquilo que tem vindo a ser o afluxo às urgências semelhantes qualitativamente também à fase pré-pandémica”.
O centro hospitalar ainda tem margem para responder à procura, porque tem “uma dinâmica de admissões e de altas bastante efetiva”, mas o diretor clínico manifestou “alguma preocupação” com o Inverno: “São períodos sempre de maior pressão sobre os sistemas”, sendo este ano terá que conjugar-se a resposta covid com a não covid, cujas solicitações há um ano “eram claramente menores”.
Quanto à covid-19, adiantou que estão internados 17 doentes com covid-19 em enfermaria e seis em cuidados intensivos, mas que ainda há margem para internar mais doentes com o dispositivo atualmente instalado.
“São doentes maioritariamente mais idosos” e a “larguíssima maioria” vacinada com as duas doses. Contudo, têm “quadros clínicos de menor gravidade”, um dos impactos da vacina contra a covid-19 e que agora a terceira dose “vai ajudar a que se reduzam ou pelo menos que não aumentem”.
Dados da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo avançados hoje à Lusa indicam que estão internados nos hospitais da desta região 159 doentes com covid-19, sendo 138 em enfermaria e 21 em Unidade Cuidados Intensivos.
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