A “atividade epidémica” do sarampo foi assumida publicamente em abril, com os primeiros casos diagnosticados em Portugal a reportarem a fevereiro.

A existência de comunidades não vacinadas contra o sarampo levou, segundo as autoridades, a surtos da doença em alguns países europeus, que acabaram por colocar Portugal em risco, depois de a Organização Mundial da Saúde ter chegado a considerar que o país erradicou o sarampo e a rubéola.

Apesar de a Direção-geral da Saúde ter alertado desde o início que não havia razões para “temer uma epidemia de grande magnitude”, Portugal registou em apenas quatro meses de 2017 mais casos de sarampo do que na última década.

A doença acabou por levar à morte de uma jovem de 17 anos, que não estava vacinada. A discussão política e social passou então a centrar-se fundamentalmente na necessidade de impor a vacinação e no debate sobre as vantagens ou desvantagens de tornar as vacinas do Programa Nacional obrigatórias, o que acabou por não acontecer.

Segundo o último balanço feito pelas autoridades, em julho, Portugal registou este ano 29 casos confirmados de sarampo, 66% deles em pessoas não vacinadas. Além da rapariga que acabou por morrer, estiveram ainda internadas 14 pessoas infetadas.

Antes ainda do alarme causado pelo ressurgimento do sarampo, as autoridades de saúde debatiam-se desde o início do ano com um surto de hepatite A, identificado sobretudo em homens que têm comportamentos sexuais de risco e desprotegidos com outros homens.

Portugal teve pelo menos 505 casos de hepatite A confirmados desde o início do ano, num total de 530 notificações. Do total de casos, 85% eram homens, sendo que mais de metade dos contágios aconteceram em contactos sexuais, com a maioria das situações a registar-se na zona de Lisboa e Vale do Tejo.

Estes casos surgiram no contexto de um surto a decorrer na Europa, com início em 2016, e levaram as autoridades portuguesas a uma intervenção junto das populações de maior risco, sobretudo para dinamizar a vacinação, tendo também havido uma nacionalização das vacinas para a hepatite A que se vendiam nas farmácias, de modo a assegurar que eram dadas a quem mais precisava.

Já com 2017 quase no fim, um surto da bactéria ‘legionella’ atingiu o Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, infetando 56 pessoas, das quais seis acabaram por morrer. O surto foi detetado a 03 de novembro, tendo sido dado como terminado a 27 de novembro.

O surto no hospital público desencadeou discussões entre os partidos políticos sobre a necessidade de alterar as leis para a fiscalização e controlo dos sistemas onde se podem desenvolver bactérias como a 'legionella'.

O ministro da Saúde chegou a ser chamado ao parlamento para dar explicações, bem como a diretora-geral da Saúde e a presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar integrado pelo São Francisco Xavier.

Em novembro de 2014, o concelho de Vila Franca de Xira, distrito de Lisboa, tinha sido afetado por um surto de 'legionella' que causou 12 mortes e infetou 375 pessoas com a bactéria. Francisco George, na altura diretor-geral da Saúde, reconheceu este ano que esse surto foi o incidente que mais preocupações lhe causou durante o tempo à frente da DGS.

George deixou a DGS em 2017, depois de 14 anos como diretor-geral. Ao completar 70 anos reformou-se, terminando assim uma ligação de 40 anos à Administração Pública. Atualmente é presidente da Cruz Vermelha Portuguesa.