Há uma nova revolução nos abdominais que está a agitar os que se preocupam em exibir uma silhueta esbelta, firme e tonificada. A promessa desta nova técnica, que está a fazer furor internacionalmente, garante a dimimuição do perímetro da cintura, uma melhoria nas relações sexuais, benefícios na postura, regularização do trânsito intestinal...  Quer melhor? Chama-se ginástica abdominal hipopressiva.

A realidade é esta. Não somos todas umas Heidi Klum que, dois meses depois de dar à luz ao seu terceiro filho, desfila para a Victoria’s Secret. A maioria das mulheres possui uma indesejável barriguinha, principalmente aquelas que já tiveram filhos. O maior problema é livrar-se dela ou, pelo menos, de parte dela. Nem todas têm vida, tempo ou disposição para frequentar um ginásio ou sequer fazer abdominais em casa.

E a maioria das pessoas associa uma barriga lisa aos tradicionais abdominais, pranchas e exercícios isométricos. Na realidade, estes conjuntos de exercícios são fundamentais, sobretudo quando nos referimos à musculatura abdominal mais externa. Mas e a interna? É aqui que entra a ginástica abdominal hipopressiva (GAH) ou método hipopressivo, uma modalidade trabalhada inicialmente na fisioterapia.

A técnica inovadora que fortalece a musculatura interna

Uma técnica inovadora que fortalece a musculatura interna do abdómen e reduz a compressão dos discos intervertebrais na região lombar da coluna. Encontramos a origem destas técnicas na fisioterapia uro-ginecológica dos anos da década de 1980, quando o fisioterapeuta de nacionalidade belga, Marcel Caufriez, doutor em ciências da motricidade e especialista em reabilitação.

Ele e os seus colegas repararam que as mulheres que, após o parto, recuperavam a sua forma física nos ginásios, apareciam nas suas consultas com problemas funcionais, tais como incontinência urinária, hérnias vaginais, abdómen proeminente e com um grande afastamento dos retos abdominais. Assim, de forma empírica começou a trabalhar com base em exercícios posturais e que criavam uma aspiração diafragmática (um sugar da barriga).

A ajuda no pós-parto

Reencontrar a qualidade de vida e o seu bem-estar é o objetivo de qualquer recém-mãe que procura ajuda no pós-parto. «Sem dúvida que, com a gravidez e o parto, o corpo da mulher fica sujeito a inúmeras alterações que requerem a sua atenão para uma recuperação eficaz. É muito importante que procurem formas de melhorar o seu bem-estar, reduzir os níveis de stresse, diminuir o cansaço e as tensões musculares», explica Mariana Pereira, fisioterapeuta.

«O exercício é, definitivamente, um dos melhores caminhos a seguir e a ginástica abdominal hipopressiva tem demonstrado ser uma das opções mais saudáveis e globais para a recuperação das mulheres após o parto, pois tem como principais premissas o treino abdominal, postural e do pavimento pélvico, fundamentais neste contexto», explica a especialista em saúde da mulher e instrutora de GAH no Centro do Bebé.

Veja na página seguinte: Como tirar partido deste método para reduzir o perímetro da cintura

O corpo como um todo

Para ajudar as mulheres a melhor prepararem o seu corpo e a recuperar a boa forma após o parto, aconselham-se exercícios de GAH com um fisioterapeuta especializado. «Em todos os aspetos da saúde da mulher, o fisioterapeuta considera e trata-a como um todo, incluíndo os fatores físicos, emocionais e psicossociais relacionados com a saúde», clarifica a especialista em GAH.

«O ensino da postura, mecânica corporal e os exercícios apropriados para a prevenção de disfunções do sistema músculo-esquelético são fundamentais», acrescenta. No entanto, existem algumas contra-indicações para a sua prática, tais como casos de hipertensão e gravidez. Quatro semanas após um parto vaginal ou seis a oito semanas após uma cesariana, depois de ter indicação médica para dar início à atividade, pode começar a fazer exercícios de GAH.

«Durante as primeiras quatro semanas de treino, pretende-se que ocorra a integração de um novo esquema corporal. As sessões em grupo realizam-se duas vezes por semana, mas, idealmente, a aprendizagem deste método deveria ser iniciada em sessões individuais (oito a dez sessões) para facilitar a memorização e integração dos exercícios», refere a especialista.

«Normalmente, ao fim de dois meses, algumas pessoas já poderão ter uma reprogramação da sua faixa abdominal e pavimento pélvico. Mas tudo depende da evolução de cada mulher e, por isso, muitas vezes necessitam de continuar a realização destes exercícios diariamente, em casa, monitorizando a sua progressão através de avaliações com o fisioterapeuta», aconselha Mariana Pereira.

No ginásio

Atualmente, no mundo do fitness, este método está a ser cada vez mais procurado, sobretudo por quem quer reduzir o perímetro da cintura. Piti Pinsach, pioneiro das técnicas hipopresivas em Espanha, adaptou o método inicialmente criado pelo fisioterapeuta Marcel Caufriez para o ginásio, dando-lhe o nome de reprocessing soft fitness (RSF). Com este método, pretende-se reforçar a faixa abdominal aumentando a sua tonicidade em repouso, de forma reflexa e sem criar pressão.

Como Piti Pinsach explicou em entrevista à revista espanhola Mundo Entrenamiento, «a diferença entre os exercícios hipopresivos e os abdominais é abismal. Os abdominais são exercícios isolados e os hipopressivos são posturais e respiratórios». Após realizar o treino com Marcel Caufriez, o espanhol aprofundou os seus estudos sobre as técnicas hipopressivas e tornou-se uma referência em toda a Europa e EUA.

Piti Pinsach percebeu que os exercícios hipopressivos não proporcionavam ótimos resultados apenas para o pós-parto e que a grande maioria das pessoas teria benefícios com este método revolucionário. Entre as celebridades que praticam o conceito hipopressivo, estão as Angels da Vitoria’s Secret, como Adriana Lima, Miranda Kerr, Karolina Kurkova e Gisele Bündchen, praticantes deste conceito para mais rapidamente recuperarem a sua forma física no pós-parto.

Veja na página seguinte: 13 benefícios que aumentam o seu bem-estar

Os benefícios da GAH

Os benefícios desta técnica são evidentes. «Os exercícios hipopressivos fazem-se criando uma diminuição da pressão intra-abdominal (hipopressão). Este efeito de vácuo aspira as vísceras para cima, não as empurrando contra o pavimento pélvico, ao mesmo tempo que se tonifica de modo cientificamente comprovado a parede abdominal», explica Paula Santos, master trainer da rede de clubes de treino Holmes Place.

Estas são algumas das vantagens apontadas pelos especialistas:

- Redução do perímetro de cintura.

- Melhoria da postura global e consciencialização corporal.

- Melhoria do tónus abdominal.

- Melhoria do tónus dos músculos do pavimento pélvico.

- Melhoria da estabilização lombar.

- Redução de algias vertebrais.

- Prevenção de lombalgias funcionais, hérnias vaginais, abdominais, discais e inguinais.

- Prevenção de incontinência urinária e prolapso dos órgãos pélvicos.

- Melhoria da vascularização.

- Melhoria da função sexual (devido ao aumento da vascularização da zona pélvica).

- Melhoria da resistência muscular.

- Regularização do trânsito intestinal.

- Recuperação das estruturas após o parto.

Texo: Joana Brito