Desde sempre que o treino de força é visto como algo que as crianças não devem praticar e que apenas os adultos devem realizar.

A verdade é que com o evoluir da ciência, várias investigações têm sido desenvolvidas, apontando na desconstrução deste mito.

Quem nos diz é o Treinador Pessoal e fundador do projeto bastante conceituado “Body By Mimo”, João Mimoso.

Na opinião deste especialista da área do treino, “apesar da grande preocupação que existia acerca sobre os benefícios, (ou ausência deles) no treino de força em crianças, ou até a possibilidade de lesão, muitos médicos e investigadores mudaram a sua opinião e, presentemente, apoiam o treino de força em qualquer população. Obviamente as crianças estão incluídas!

Também as maiores organizações de medicina desportiva apoiam esta tomada de posição, desde que, o planeamento, implementação e supervisão do programa sejam corretamente efetuados, por profissionais competentes.

Muito importante, é o facto das crianças começarem o treino de força com um nível baixo de volume e intensidade, sendo que estes parâmetros vão progredir, com o desenvolvimento da atividade. É sempre bom começar num nível mais baixo e depois aumentar, do que começar alto demais e fazer asneira.

A investigação recente tem demonstrado que as crianças podem aumentar a sua força. Existem resultados sobre os beneficios do treino de força em crianças pré-adolescentes com ganhos na ordem dos 30-40%, com programas de treino que duraram entre 8 e 20 semanas. Parece que a melhoria em termos de força nas crianças é,no mínimo, semelhante aos adultos.

Na minha opinião, a maioria dos desportos tem uma grande componente de força e potência. Estudos têm mostrado aumentos na performance de testes como o salto horizontal, salto vertical, velocidade em 30m e testes de agilidade, através do treino de força em crianças. Parece-me que este especto pode ser útil para a performance desportiva.

Assim considero que o treino de força adequado é aconselhável para todas as populações sem excepção das crianças. Os médicos que sugerem o contrário estão a ir contra a investigação e recomendações das principais organizações de medicina desportiva.

Dito isto, o treino para crianças tem algumas particularidades que importa referir:

- A maioria do tempo deve ser utilizado para aumentar a noção do próprio corpo, a coordenação motora, bem como a capacidade de se mover corretamente.

Realizar apenas treino de força convencional seria não só, uma perda de tempo, mas também contraproducente.

Pelas suas características, a ginástica seria sempre uma excelente opção, tendo em vista o desenvolvimento das capacidades motoras da criança, o que a beneficiaria enormemente, no futuro;

- As crianças não apresentam ainda o sistema hormonal desenvolvido de modo a tirar o máximo partido do treino de força. A maioria do tempo deve ser dedicado às capacidades referidas acima, porque é nestas idade que mais se pode melhorar. Não quer isto dizer que não se treina a força, mas não é o principal;

- Não se pode replicar o treino utilizado nos adultos. O treino deve ser maioritariamente aeróbio, com algum treino anaeróbio (até aos 13-14 anos de idade);

- Devemos sempre esperar que o organismo se desenvolva e seja capaz de gerar uma resposta adaptativa, para poder utilizar e tirar partido das atividades mais intensas. Podem ser utilizadas antes, mas não é o tempo ótimo para que delas tirem o melhor partido.

Desta forma, sou totalmente a favor do treino de força para todos.

Artigo realizado em colaboração com o Treinador e fundador do projecto Body By mimo, João Mimoso

body by mimo
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