“Só podemos falar de tomate coração de boi do Douro garantindo a preservação da semente, de ano para ano”, afirma, citada em comunicado, a diretora-geral da empresa Greengrape, Celeste Pereira.
É, neste sentido, que se realiza a 7 de fevereiro, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, o encontro “Tomate Coração de Boi do Douro - Da Sementeira à Mesa - Valorização da Variedade na Região”.
O workshop, promovido pelas associações de desenvolvimento da região (Beira Douro, Douro Histórico e Douro Superior), em conjunto com a UTAD, o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) e a Greengrape, destina-se a hortelãos da região, nomeadamente das quintas produtoras de tomate, viveiristas e produtores de sementes e estudantes.
Para Celeste Pereira, um “dos aspetos mais críticos para a transformação deste tomate numa IGP, objetivo a médio-longo prazo, será trabalhar a genuinidade e a origem deste fruto”.
A Indicação Geográfica Protegida é uma designação regulamentada pela União Europeia que visa proteger os nomes de produtos específicos, de modo a promover as suas características únicas associadas à sua origem geográfica e a modos de produção tradicionais.
A edição 2024 do encontro abordará temas como a importância da conservação, preservação e valorização da semente do tomate coração de boi, de forma a garantir a integridade do fruto produzido no Douro.
Esta ação, frisa, “tem em vista a preservação da genuinidade e origem do tomate coração de boi do Douro, aspeto crítico para a sua própria valorização”.
“Ao longo dos anos, temos vindo a perceber, com grande preocupação, que uma parte das quintas e hortelãos do Douro adquirem as suas plântulas [embrião vegetal já desenvolvido que emerge da semente] em viveiristas da região, não havendo garantias de que as plantas tenham origem em sementes de tomate coração de boi do Douro”, afirma.
Acresce que, segundo a responsável, em 2023, o “mercado foi invadido, pelas cadeias de distribuição alimentar mais importantes do país e na própria região do Douro, por uma variedade de tomate que não tem as características da versão tradicional do tomate coração de boi, mas sim de um tomate coração de boi italiano, conhecido por ligúria”.
“Muito mais grave ainda, parte da restauração em geral e do Douro em particular já usa este tomate”, aponta.
O encontro, que irá decorrer na universidade transmontana, conta com a participação de especialistas da Escola de Ciências Agrárias e Veterinárias e do Departamento de Agronomia da UTAD, bem como do INIAV, através do Banco Português de Germoplasma.
Além deste workshop, no âmbito de uma candidatura liderada pelas três associações, a Greengrape está a desenvolver um livro sobre o tomate coração de boi do Douro, um guia de boas práticas para a cultura do tomate e outros encontros à volta do tomate e da excelência do território para a produção deste fruto.
Desde 2016 que a Greengrape, juntamente com o jornalista Edgardo Pacheco e o especialista em azeite Francisco Pavão, aposta na valorização do fruto de verão através de eventos como o Concurso Tomate Coração de Boi do Douro, que escolhe o melhor exemplar da região, bem como a festa do tomate à mesa de restaurantes da região, que decorre durante todo o mês de agosto.
A iniciativa estende-se ainda ao projeto Capella, que se realiza na aldeia de Arroios, Vila Real, onde a festa acontece à volta do tomate.
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