Alf del Portillo e Marta Premoli, o casal de proprietários do Quattro Teste, trabalham ambos na área de bartending desde adolescentes, e descobriram cedo que era esta a sua paixão. Conheceram-se em Londres e, em 2020, cansados do frio norte europeu, escolheram Lisboa como local para darem vida ao seu pequeno sonho. Idealizaram e construíram um bar que representa e une as origens de cada um, Itália e País Basco, ambos com tradição do característico Aperitivo - embora em diferentes versões -, numa antiga tasca típica perto do Castelo de São Jorge.
O conceito basco-italiano aplica-se em todas as vertentes do projeto. Abordagens contemporâneas e criativas aos cocktails de autor, reinterpretações dadas a vários clássicos, com twists e produtos com raízes bascas e italianas. A multiculturalidade observa-se igualmente na carta, que oferece uma seleção variada dos tradicionais pintxos, pequenos pratos tradicionais do país Basco (equivalentes às conhecidas tapas madrilenas), aqui com influências italianas, e que remetem igualmente para os snacks que acompanham sempre o il vero aperitivo italiano.
Esta fusão intercultural observa-se até no nome e logotipo dados ao projeto - Quattro Teste -, que surge da tradução de Lauburu, símbolo do povo basco (“Lau” significa quatro e “buro” significa cabeças), com as quatro “cabeças” desta espécie de cruz a representar não só a união entre as várias regiões bascas, mas igualmente esta mescla de locais e culturas que dá vida a este bar.
“Escolhemos Lisboa para esta nova aventura, uma cidade que adorámos, e onde percebemos que há um enorme dinamismo e liberdade para ser criativo. Queremos partilhar a nossa essência e experiências pelo mundo neste setor através do conceito de ‘urban mixology’, trabalhando bebidas e combinações que fizeram parte da nossa história e percurso, dando-lhes agora uma nova vida e oportunidade de integrar as tendências atuais.”, explica Alf del Portillo, head-bartender e coproprietário.
“O Quattro Teste representa a nossa história, pessoal e profissional, as nossas culturas e aquilo que somos, e estamos muito entusiasmados com este desafio de marcar presença no panorama gastronómico da capital portuguesa”, reforça Marta Premoli, coproprietária.
Neste pequeno espaço no centro histórico de Lisboa, Alf assume - com Marta a seu lado, - destaque ao balcão como head-bartender, que conta com uma vasta experiência na área da mixologia, numa série de países e com vários prémios ganhos, como por exemplo o primeiro lugar na World Class Cocktail Competition, em 2015.
Cocktails e petiscos
A carta de bebidas apresenta-se como uma diversa lista de cocktails de autor divididos entre região de origem, clássicos “atualizados”, várias versões de negroni, incluindo também vinho e cerveja, e duas típicas sidras bascas, uma delas servida diretamente da pipa, além de opções sem álcool. Duas bebidas a não perder são o Kalimotxo e o Negroni, os cocktails da casa “on tap” (a 8 euros). Outros exemplos são o Usoa (9,5 euros), com um perfil fresco, frutado e amargo, ou o Montenegro Punch (12,5 euros), igualmente fresco, mas por sua vez doce, o Prosecco (8 euros), com notas minerais e frutadas, com umami, ou até o Espresso Livornese (9 euros), a versão da casa do clássico italiano Espresso Martini. Nos incontornáveis negronis, encontram-se criações assentes nos tradicionais bitters, aqui conjugados com notas frutadas e cremosas (Strawberries & Cream, 10 euros), ou herbáceas (Clear, 12 euros), ou mesmo alternativas de base mais doce (Okerra, 11 euros).
Para acompanhar a seleção de bebidas, e seguindo o mesmo conceito simbiótico entre culturas, Alf e Marta procuraram alguém com experiência a trabalhar o produto, para dar vida à cozinha do espaço, aberta das 17h00 às 22h00. Encontraram a jovem chefe de cozinha brasileira Clara Uchôa, de 22 anos, que desenhou o menu mantendo presente a essência basca dos pintxos com elementos italianos, e com sugestões para todos os gostos, incluindo diversas opções vegetarianas e também vegan, estruturadas com a mesma dedicação que os pratos com proteína animal.
Na carta figura, por exemplo, o escabeche de carapau com pimento assado e rúcula, o mil-folhas de batata, picles de curgete e tapenade, ravioli de abóbora com cebola e amêndoa, os croquetes de presunto ibérico, grana padano, ovo de codorniz e vinagrete de pistácio, polenta e gnocco frito com molho de queijo gorgonzola (todos 3,5 euros), e combinações mais tradicionais (4 euros) como a tortilla, a beringela à Parmigiana e a lasanha, entre outros. Como não podia deixar de ser, encontram-se também os tagliere italiano, as tábuas com uma seleção mista de charcutaria e queijos (10 euros), ou com uma seleção de pintxos (16 euros).
Após vários anos pelo mundo, Alf e Marta aventuraram-se num novo país mas fizeram questão de manter por perto as suas histórias e percursos através desta combinação cultural, representada nas reinterpretações das bebidas “esquecidas” que fizeram parte das suas vidas enquanto cresciam, e que merecem uma “revalorização” no panorama mixológico e trendy atual, e neste “casamento” intercultural que se estende do casal que concretizou o seu sonho até ao menu de sabores que apresentam agora ao público.
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