Elaine Welteroth tinha um objetivo de vida: viver em Nova Iorque e trabalhar em moda. Cedo arranjou dois empregos na sua terra natal, cujo dinheiro economizado lhe permitiu chegar à Big Apple com apenas 19 anos, sem qualquer tipo de contacto ou conhecimentos na área.
Após conseguir um estágio na revista Ebony, depressa arranjou emprego em publicações mais influentes como a Glamour. A transição para a Teen Vogue aconteceu em outubro de 2012 onde, com 24 anos, assumiu o cargo de diretora de beleza durante três anos e meio, até ser promovida.
Por seu lado, Anna Wintour aponta o pai, que durante 20 anos foi editor do jornal London Evening Standart, como um dos principais impulsionadores da sua carreira. “Acho que o meu pai decidiu por mim que eu devia trabalhar em moda. Não me lembro bem que formulário é que tinha de preencher, mas sei que no fim devíamos colocar os nossos objetivos profissionais e eu fiquei a pensar no no que é que deveria fazer e ele disse: ‘Tu vais escrever que queres ser editora da Vogue.’ E foi isso, ficou decidido”, afirmou em 2009, durante o documentário The September Issue.
Apesar de ser indiscutível que ao longo de 28 anos de carreira Anna Wintour tenha feito história e quebrado inúmeras barreiras na Vogue, a verdade é que Eliane também o fez simplesmente ao aceitar o cargo na prestigiada revista juvenil.
Confuso? Em 107 anos de existência, Welteroth tornou-se a editor-in-chief mais jovem na história da Condé Nast e a segunda mulher afro americana a ocupar um cargo tão prrestigiado dentro deste grupo editorial.
Outras das mudanças mais notórias entre Anna e Elaine é ao nível da postura adotada por cada uma das delas. Desde que começou a dirigir a Vogue em novembro de 1988, Anna Wintour é uma figura incontornável que sempre viveu entre dois paradoxos: adorada por uns e odiada por outros. Se por um lado sempre foi conhecida pela sua postura fria e distante - em grande parte cultivada pelos óculos de sol que raramente saem do seu rosto conhecido escasso em sorrisos - , por outro Elaine não poderia ser mais diferente.
Apesar do cargo prestigiado e cobiçado que ocupa, a editora da Teen Vogue apresenta-se como uma rapariga normal cheia de energia, boa disposição e que adora o seu namorado. Prova disso são as fotografias que vai partilhando na rede social Instagram (da qual Wintour não faz parte) onde conta com 70 mil seguidores. A nível profissional, a jovem apostou no trabalho de equipa ao mesmo tempo que se preocupa em cultivar uma relação de maior proximidade com os seus leitores, compreendendo, como ninguém, a sua linguagem, desejos e reivindicações.
Desde que aceitou o cargo de editor-in-chief , Elaine preocupou-se em mostrar diversidade dentro das páginas da revista, algo que é visível não só nas personalidades escolhidas para adornar a capa da famosa publicação mas também nos temas que mensalmente aborda, como é o caso da entrevista à modelo transexual Stav Strashko ou pelo facto de não ter medo de marcar uma posição política relativamente a Donald Trump.
No fundo, o seu objetivo é que a Teen Vogue continue a ser uma revista de moda que se destaca pela abordagem inovadora, rebelde e em contacto com a realidade e o mundo que a rodeia.
Já a publicação liderada por Anna Wintour, de 67 anos, também sempre se destacou por agitar consciências no que toca a questões sociais – como é o casamento entre casais homossexuais - e às escolhas que faz a nível profissional. Recorde-se que em 1988, Wintour decidiu colocar na sua primeira capa da Vogue a foto de uma modelo israelita de calças de ganga. Na altura, a escolha inovadora e inesperada foi questionada pela equipa de impressão que chegou a achar que a revista se tinha enganado.
Mas apesar das diferenças que as separa, a verdade é que há algo que as une: o nome Vogue que ao longo das décadas tem vindo a ditar não só as maiores tendências como a tentar abrir horizontes. E não deve haver nada melhor para Elaine Welteroth do que fazer parte da família Vogue com o selo de aprovação de Anna Wintour, também diretora criativa da Condé Nast, e que em comunicado disse o seguinte sobre a sua nova protégé e equipa:
“A Elaine, a Marie e o Phil estão de forma destemida na linha da frente, inspirando jovens trendsetters com a sua visão sofisticada no que diz respeito à moda, beleza e cultura pop emergentes, e vão conduzir a Teen Vogue a uma nova fase de sucesso. A equipa tem aceitado bem o potencial interminável das redes sociais e novas plataformas, e a sua compreensão na melhor forma de conectar com as audiências personifica aquilo que significa ser editor nos dias que correm. ”
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