o terceiro dia da 55ª edição da ModaLisboa foi o escolhido para a apresentação das criações dos jovens designers de Sangue Novo. Ao todo foram dez designers, Feliciano, André Jorge, Andreia Reimão, Ari Paiva, Arndes, Benedita Formosinho, Bolota Studio, Fora de Jogo, Pilar do Rio e Rafael Ferreira, que tiveram a oportunidade de competir por um prémio e demonstrar todo o seu talento na área.
André Jorge apresentou a coleção "After Your Skin", que mostra um conjunto de reflexões acerca do nosso corpo, criadas a partir do movimento social “body positive” e dos trabalhos dos artistas Sue Tilley, Mariam Lenk, Rony Hernandes e Sara Shakeel. A partir de visões singulares sobre a representatividade do corpo humano, são criadas diversas referências e elementos gráficos com base em características tidas como imperfeitas. A coleção joga com a ideia de ilusão de um corpo, redefinindo o ideal de beleza corporal e rejeitando a necessidade de sacrifício em função da alteração estética.
Andreia Reimão traz a coleção "Beautiful Guy", inspirada em Ken Hermann (“Flower Man”) e Vincent Dolman (Holding Hands), na escultora Mrinalini Mukherje e Diana Scherer. A ideia de contraste é traduzida através da combinação de materiais nobres e outros mais simples, assim como as cores, que nos remetem para um ambiente caloroso, mas sempre fresco.
Ari Paiva traz-nos o 'Reconhecimento da mudança', com as peças oversize e as peças mais justas que tomam esse comportamento. As peças mais justas, como tops e bodies, permitem distorcer as silhuetas, sendo possível puxar partes das peças interiores para o exterior através de aberturas. As peças mais justas traduzem as fases mais agoniantes que contratem a silhueta, enquanto as oversize transmitem a sua evolução. A paleta cromática de branco e tons mais queimados traduz uma parte conceptual da narrativa da coleção como a memória durante cada mudança.
Arndes mostra uma coleção onde da desconstrução e reconstrução de peças de vestuário já existentes surgem novas peças, com novos materiais, mas mantendo a mesma linguagem, depurada, clínica, envolvente e mutável. Quase como se tratasse de um ambiente laboratorial onde se dá azo à exploração e experimentação.
A coleção de Benedita Formosinho vai à 'Origem', mostrando um lado mais puro do envolvimento com a natureza, com as pessoas e com o mundo, onde se valoriza o trabalho e a cultura local, as técnicas tradicionais, num conceito sustentável, com o uso de materiais nobres, autóctones do nosso País e matérias-primas naturais e utilização dos desperdícios. Nesta coleção podemos ver técnicas manuais, num contraste de materiais e texturas, numa paleta de cores autênticas, com pontos de cor que nascem sobre o branco puro, o cru e o grão, e diferentes tons de verde, com esperança.
Bolota Studio apresenta uma coleção que surge como uma busca ao tesouro, desde a reutilização de missangas dos tempos de adolescência aos clássicos alfinetes de dama que ficaram perdidos na caixa de costura. Tecidos colecionados ao longo do tempo fundem-se com novas matérias-primas provenientes de stocks de fornecedores Portugueses. Silhuetas unissexo emergem do denim com apontamentos de crochet, uma colaboração especial com Alexandre Pereira aka Croc Pot.
Feliciano apresenta uma coleção intitulada de 'Imperfect', onde se exploram-se as sensações encontradas no toque texturado das matérias-primas, enfatizadas por uma paleta monocromática, muda e silenciosa.
Fora de Jogo é um projeto colaborativo emergente de uma necessidade de regressar ao estudo elementar do Design de Moda e da refuta de um ritmo acelerado e de produção em massa. "A Study of Lost Objects", nome da coleção apresentada, aborda objetos perdidos, resgatados entre Lisboa e Porto, desde 2017 até ao presente. Os objetos são traduzidos em têxteis; texturas, formas e silhuetas são fundidas e manipuladas através de métodos manuais, criando uma interpretação abstrata de cada objeto.
Pilar do Rio apresenta uma coleção que assenta no passado, presente e futuro. Uma coleção inspirada no ontem, hoje e amanhã, dando uma segunda oportunidade ao que outrora já foi amado. Em resposta à crise climática/social/económica, tendo como palavra-chave: Upcycling. Assim sendo, o que caiu uma vez em desuso é o objeto de desconstrução, num jogo de volumetrias e referências de diferentes universos temporais.
'You still there?' é a pergunta que Rafael Ferreira faz ao lançar a sua coleção. Esta coleção surge com o propósito de anular a identidade e fisionomia, através da desconstrução e deformação de partes. As peças que mais revelam o corpo acabam por distorcê-lo, evidenciando, assim, a importância da unicidade.
Veja as propostas destes jovens designers aqui:
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