Miguel Vieira inaugurou a passerelle da 45ª Modalisboa por volta das 21h30 e arrancou suspiros e aplausos do público com a sua coleção 'Mondrian'.

A expressão gráfica foi a principal fonte de inspiração da coleção, contando com entrançados manualmente que formam padrões que nos fazem lembrar os quadros de Mondrian. A sua representação, abstrata e minimalista consistia em mostrar que tudo tem essência por trás da aparência. É disso mesmo que trata esta coleção: revelar a essência de cada indivíduo que a veste.

Para mulher, combinação de uma silhueta minimalista e estilizada com uma silhueta mais clássica, presente na cintura demarcada, na altura dos vestidos e nos pormenores mais delicados. Para homem, fatos de alfaiataria de corte irrepreensível e forro com estampado geométrico personalizado desenvolvido em atelier.

Este segundo dia de Modalisboa começou bastante mais cedo do que o primeiro, às 14h30, com o desfile de Nair Xavier, da plataforma LAB, nos Paços do Concelho. A jovem designer apresentou a coleção "Ermo" que espelha a aridez dos desertos africanos, contrastando com a vibração do passado e presente. África como berço do mundo e início da consciência humana é a base desta coleção que nos leva num safari em busca da aventura pelo desconhecido. Cores neutras pautam o início da coleção, que passa por uma mistura de padrões geométricos e acaba nos tons fortes que aquecem a estacão.

Seguiu-se a designer Olga Noronha, que apresentou uma instalação com o nome 'Hair|lucination', que pretendia chamar à atenção para a ausência e perda de cabelo, por alopecia e efeitos secundários de tratamentos quimioterapêuticos. A iniciativa foi parcialmente patrocinada pela Reebok e dez pares de sapato foram postos a leilão, cujos lucros reverterão na totalidade para o IPO.

Já de volta ao Pátio da Galé foi a vez do designer Ricardo Andrez (LAB) mostrar as suas propostas para a próxima primavera/verão 2016. Na coleção 'In-Between' a transparência foi uma condição e um anfitrião para a cor. Como condição, torna-se aparente através de elementos naturais e materiais sintéticos. O designer explicou que algumas pessoas são caracterizadas como sendo "transparentes" na medida em que acreditamos que vemos através delas. Para quem não tem nada a esconder, a transparência é uma condição benevolente. Caso contrário, é como se a sua pele fosse feita de vidro, revelando tudo o que deve ser ocultado. Foi esta a mensagem passada através da sua coleção.

Por volta das 18h foi a vez da marca Christophe Sauvat apresentar as suas propostas. Christophe Sauvat e Filipa Abreu, os criadores da marca, apresentaram uma coleção cheia de prints ecléticos, um elemento fundamental e já uma constante em todas as coleções da marca. Traduzido através da diversidade das cores e riqueza do trabalho minucioso das aplicações em missangas e ou pele esta coleção assinalou a passagem pelos 4 cantos do mundo. O algodão é o material de eleição, ideal para o tempo quente, com toque fresco e delicado.
Valentim Quaresma foi o designer seguinte a pisar a passerelle da Modalisboa, com a coleção 'Habitat'. A criação de um imaginário irreal através da manipulação de tecidos e de metal, resultou numa exaltação de texturas com um caráter orgânico. Clonagem de um ecossistema artificial inspirado na arquitetura animal. O surgimento numa fauna imaginária e o seu possível habitat. Tecidos trabalhados com o fogo como se de metal se tratasse. O kitsch revisitado e transposto para um universo “underground”. Um novo diálogo entre o acessório e o vestuário, a linha ténue de onde acaba um e começa o outro.

Seguiu-se a marca Saymyname, criada pela designer de moda Catarina Sequeira. 'Reincarnation of gender through art' foi o nome dado à coleção, que se apresentou funcional e teve como fonte de inspiração uma mulher subtil mas ao mesmo tempo sexy, em vestidos e tops kai-kai com barras que percorrem os cortes criando sombras dramáticas, em tons de preto, branco, azul índigo, azul metálico, coral e mostarda.

Por volta das 22h30 foi a vez de Ricardo Preto apresentar a sua coleção 'Effortless', mostrando uma mulher do mundo, andrógina mas com lingerie feminina e sempre com um estilo effortless. Sedas e algodões em tons de azul, verde, encarnado, nude e branco. A silhueta quis-se sempre fluida e longa.

Alexandra Moura fechou o dia de desfiles com o 'milagre das rosas'. A lenda une-se à coleção de primavera/verão 16 e no mesmo “regaço” vive, transforma-se e é transportada de um mundo cruel, dominado pela inveja e ganância, para um novo mundo - o futuro – reinado pela paz e bondade. Nesta coleção, a silhueta e os pormenores foram trabalhados para recontar a história, transformando-os como se de um milagre se tratasse. A santidade revela-se nos detalhes que, metamorfoseados, trazem uma nova linguagem a esta antiga narrativa. Os tecidos pesados unificam-se com os mais etéreos. As cores revelam amor e força.

Durante 3 dias o Pátio da Galé e os Paços do Concelho irão receber mais de 20 designer nacionais e as suas visões e propostas para a próxima primavera/verão.

Veja todos os desfiles no dossier da 45ª edição da Modalisboa.