Nos dias que correm, muito por culpa das redes sociais, não faltam modas insólitas, como roupas fabricadas com sacos de plástico ou camisas-calções para homens. Num gesto provocatório, uma estudante de Singapura criou uma marca de bijuteria que comercializa joias para (o)usar entrepernas. Mal chegou à internet, a loja online da Thigh Gap Jewellery, também apresentada como TGap Jewellery, começou a receber encomendas.

O problema é que a empresa não existe, pretendendo Soo Kyung Bae com este gesto criticar um dos paradigmas da sociedade atual. «A TGap Jewellery é uma empresa fictícia que alegadamente vende correntes em ouro com pendentes para a região entrepernas. Foi criada para lançar um debate sobre a imagem corporal irrealista que muitos media sociais promovem», justifica a criadora numa mensagem, que passa quase despercebida, no site que criou para a marca.

Apesar de não existirem e de não estarem à venda, as peças estão marcadas com preços que oscilam entre os 175 e os 195 dólares, cerca de 150 e 175 euros. A estudante da Universidade Nacional de Singapura criou a suposta marca depois de assistir à obsessão que algumas das colegas tinham por aquela zona do corpo. «A minha dúvida é, se deixarmos os media promover ideais de beleza irrealistas, eles tornam-se reais?», questiona.

Ao tentar adquirir os produtos de ouro de 18 quilates da TGap Jewlery, os cibernautas são reencaminhados para uma zona do site que apresenta informações úteis e recomendações práticas que podem ajudar mulheres que sofram de transtorno dismórfico corporal, um distúrbio psiquiátrico na origem de uma preocupação excessiva com a aparência, levando a pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos.

«[Esse problema] pode levar a dietas extremas ou a formas pouco saudáveis de procurar atingir a silhueta ideal, podendo estar na origem de problemas do foro alimentar», sublinha Soo Kyung Bae. «Recorrendo a produtos de certo modo surreais, espero criar um espaço para ponderarmos e refletirmos sobre as coisas absurdas  que valorizamos  atualmente na nossa sociedade», acrescenta ainda a futura designer.

Joias para (o)usar entrepernas

Texto: Luis Batista Gonçalves